Brazilian President Jair Bolsonaro waves to supporters in his arrival to the flag-raising ceremony at Alvorada Palace, during the Independence Day celebrations in Brasilia, on September 7, 2021. - Fighting record-low poll numbers, a weakening economy and a judiciary he says is stacked against him, President Jair Bolsonaro has called huge rallies for Brazilian independence day Tuesday, seeking to fire up his far-right base. (Photo by EVARISTO SA / AFP) CaptionAFP

Rio - Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniram, nesta terça-feira de feriado de Sete de Setembro, na orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio. O chefe do Executivo convidou a população a ir às ruas em comemoração ao 199° aniversário da independência do Brasil e a manifestação teve uma pauta antidemocrática, com ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso.
No local, foi possível notar o desrespeito ao distanciamento social e a falta de uso de máscara, ou o uso incorreto, por alguns pedestres. Os manifestantes estavam de verde e amarelo e carregavam bandeiras do Brasil.
Os manifestantes carregavam faixas e cartazes com dizeres como "somos um pelo Brasil", "estamos com Bolsonaro", "independência ou morte", "voto impresso", "nova constituição", "ação contra o golpe da esquerda", "Lula na cadeia" e "criminalização do comunismo".
Também havia cartazes com xingamentos ao STF e contra a imprensa. Outros exigiam "liberdade de expressão" e "liberdade de internet", além de discursos contra a vacinação e a favor da cloroquina.
Expressões e frases em inglês foram muito utilizadas. Uma faixa dizia: "We want respect for our vote. We choose Bolsonaro", que quer dizer "Nós queremos respeito por nosso voto. Nós escolhemos Bolsonaro". Outras diziam "The Supreme Court threats our freedom" e "We support Bolsonaro", que em português significa: "O Supremo Tribunal ameaça nossa liberdade. Nós apoiamos Bolsonaro".
Guacira de Abreu Miranda, de 71 anos, saiu de Magé, na Baixada Fluminense, para mostrar seu apoio ao presidente. "Estou aqui para gritar fora STF e mostrar meu apoio ao presidente. Vim de longe, mas a causa vale a pena".
João Araújo, de 66 anos, pedia por voto impresso e destituição da Suprema Corte. "Eu quero a destituição de todos os ministros da Suprema Corte e a contagem de todos os votos impressos. Esse é o meu protesto".
STF recebeu ataques
Na concentração, carros de som tocavam o Hino Nacional, o Hino da Independência e músicas enaltecendo Bolsonaro. Caminhões e trios elétricos exibiam bandeiras e dizeres. Um carro tinha um painel luminoso que alternava mensagens contra o STF. Uma faixa pedia: "Presidente, coloque todos esses vagabundos na cadeia, começando pelo STF!". Cartazes pediam: "Libertem os presos políticos do STF!". Outra defendia "intervenção federal e militar com Bolsonaro no poder".

Uma enorme bandeira do Brasil foi hasteada com a frase "Pátria Amada". Às 10h45, uma motociata que saiu da Zona Oeste chegou à manifestação.
A PM e a Guarda Municipal acompanham todos os atos, e as ações são coordenadas pelo governo do estado e pela prefeitura conjuntamente.
Fabrício Queiroz também foi às ruas
Amigo de Jair Bolsonaro, desde a década de 1980, quando se conheceram no Exército, Fabrício Queiroz denunciado como operador do esquema das "rachadinhas" do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) compartilhou nas últimas horas diversas imagens das manifestações bolsonaristas. Em uma, aparece de camisa do Brasil ao lado do filho Felipe.

Além da foto no carro, que indica que estava a caminho do ato, o ex-assessor do filho do presidente já havia compartilhado um vídeo da invasão da noite de segunda-feira na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Na legenda, comemorou a ação: "Vap! Vap !!!"

Queiroz já havia comparecido a uma manifestação bolsonarista no dia 1º de maio. Antes de ganhar liberdade - via Superior Tribunal de Justiça (STJ) -, o amigo de Bolsonaro estava em prisão domiciliar, também após decisão daquela Corte o retirar da cadeia. Curiosamente, um dos principais motes dos atos desta terça é o ataque ao Judiciário.

Autorizada em junho de 2020 pela Justiça do Rio, a prisão preventiva foi solicitada pelo Ministério Público. Tinha como justificativa a suposta tentativa do ex-assessor de atrapalhar as investigações.

Na denúncia do MP, que chegaria cinco meses depois, ele é acusado de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa por supostamente operar os desvios de salários de assessores "fantasmas".

As publicações bolsonaristas têm sido recorrentes no Instagram do policial da reserva. Na semana passada, por exemplo, divulgou que uma amiga estava vendendo bonés com os dizeres "Bolsonaro 2022". E se colocou como intermediário das vendas: "Interessado fazer contato no privado."
Prisão
Um homem foi preso portando uma faca e um soco inglês em Copacabana. De acordo com a Operação Segurança Presente, a prisão ocorreu na Rua Bolívar, transversal da Avenida Atlântica, famosa via da orla, próximo de onde os manifestantes favoráveis a Bolsonaro se concentraram para o ato.

"Policiais do Copacabana Presente prenderam em flagrante um homem que portava uma faca, um soco inglês e materiais utilizados para fabricar coquetel molotov", diz a nota da assessoria de imprensa do Segurança Presente, numa referência à bomba caseira, tipicamente fabricada com uso de pequena garrafa de vidro e gasolina.

Ainda conforme a nota, os agentes suspeitaram do homem porque ele estava "com um grande volume na roupa". "Após a abordagem flagraram os objetos, além de uma máscara de (pintor espanhol) Salvador Dalí", diz o texto. Ele foi levado para a 13ª (Ipanema).
De acordo com o Centro de Operações Rio (COR), caminhões que ocupavam uma faixa da pista junto à orla da Avenida Atlântica se deslocam, neste momento, por vias internas do bairro. A CET-Rio, Guarda Municipal e Polícia Militar estão no local. O trânsito é intenso e lento na região.
Com informações do Estadão Conteúdo