Thaysa Campos dos Santos, de 23 anos, estava grávida quando desapareceuDivulgação

Rio - Um pouco mais de um ano após o assassinato de Thaysa Campos dos Santos, de 23 anos, encontrada morta quando estava grávida de oito meses, na linha férrea em Deodoro, na Zona Oeste do Rio, a mãe da vítima relata sonhos que tem tido com a filha. No primeiro deles, no último dia 8, ela conta que Thaysa, no sonho, apontou apelidos de duas pessoas que teriam cometido o crime. O caso, inicialmente investigado pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), passou, em maio deste ano, para a alçada da Delegacia de Homicídios da Capital (DH-Capital), que apura o crime desde então.
"No sonho, eu estava em uma festa de aniversário de uma comadre minha e vi ela passando. Eu a agarrei pelo braço. Pareceu que, como eu era uma pessoa de carne e osso e ela um espírito, isso a assustou. E foi quando eu perguntei quem tinha cometido o crime. Ela então me falou o apelido de duas pessoas e um nome identificado com um dos apelidos. Eu passei esses nomes para o advogado que está cuidando do caso. Acho que não podemos descartar nada. O nosso corpo morre, mas o espírito não. Eu acho que, agora, ela está querendo se comunicar", diz Jaqueline Campos, de 51 anos.
A mãe de Thaysa relata outros sonhos:
"Depois desse primeiro sonho em que ela, inclusive, contou que já ter encontrado duas vezes uma pessoa querida da nossa família que já faleceu, tive outros dois sonhos com ela. Nesses outros, ela fica parada, me olhando fixamente, mas não fala nada. É como se ela estivesse me pedindo ajuda, ou querendo dizer mais alguma coisa. Eu acho que os apelidos que ela contou no primeiro sonho podem ter fundamento, pois, em Deodoro, na região em que ela foi encontrada morta, todos se tratam por apelidos".
Thaysa desapareceu no dia 3 de setembro de 2020. O corpo foi encontrado sete dias depois, e não havia sinais da criança que ela esperava, cujo nome já havia sido escolhido pela mãe: Isabela. No dia 6 de agosto deste ano, foi feita a exumação do corpo. Os agentes constataram que a criança não estava no ventre, e não havia sinais da placenta. A polícia colheu elementos para se chegar à causa da morte e material da medula óssea da vítima, para saber se ela havia ingerido alguma substância abortiva.
"Até o momento, não tenho conhecimento de que esses laudos tenham ficado prontos. O caso está sendo investigado por uma equipe muito competente da DH, e eles não estão medindo esforços para solucionar o caso, que está sob sigilo. Foi um crime bárbaro que ainda carece de respostas. Quem matou Thaysa e por quê? Onde está Isabela? A exumação mostrou que não havia vestígios de placenta no corpo. Então, é um fato que a criança foi retirada do ventre antes da morte de Thaysa. Portanto, tudo indica que a motivação para o crime gira em torno dessa gravidez", diz o advogado da família, Zoser Hardman.
Sobre os apelidos relatados pela mãe após o sonho, o advogado acredita que, se levados à polícia, podem atrapalhar as investigações:
"Como advogado, não posso levar à polícia qualquer situação de prova não admitida pelo Direito, pelo regramento jurídico. Acredito que isso poderia, inclusive, atrapalhar as investigações e até mesmo vir a beneficiar os reais envolvidos nesse crime. Mas esses sonhos que a mãe tem tido mostram toda a angústia da família e evidencia a necessidade de resolução deste crime".
Segundo o advogado, há uma peça nas investigações que podem ajudar a polícia a solucionar o caso: um vídeo registrado por uma câmera de segurança, que mostra um homem conduzindo Thaysa pelo braço momentos antes do crime.
"O vídeo é o único ponto de divergência nosso em relação à investigação. Acreditamos, a família e eu, que a ampla divulgação dele possa ajudar os investigadores a identificarem esse homem, que pode estar envolvido na morte de Thaysa e no desaparecimento de Isabela. Por mais que a imagem não tenha uma qualidade boa, não tenha nitidez, quem conhece o homem pode ter condições de apontar quem ele é".
O DIA entrou em contato com a Polícia Civil, mas ainda não obteve respostas. Thaysa Campos dos Santos deixou dois filhos, de 6 e 8 anos de idade.