Secretário estadual de Polícia Civil, Allan TurnowskiCléber Mendes

Rio - O secretário estadual de Polícia Civil, Allan Turnowski, disse, nesta sexta-feira, na CPI dos Desaparecidos da Alerj, que o problema dos desaparecimentos no Estado do Rio passou a ser prioridade a partir do episódio dos três meninos que sumiram em dezembro de 2020 a caminho de uma feira livre, na Baixada Fluminense. Sobre o caso, disse que as investigações estão em fase final de conclusão e confirmam que Lucas Matheus, de 9 anos, Alexandre Silva, 11, e Fernando Henrique, 12, foram mortos por ação de traficantes de uma facção criminosa que atua no Complexo do Castelar, em Belford Roxo.  
“Eu preferia estar errado, entregar meu cargo e os meninos reaparecerem. Mas, infelizmente, isso não vai acontecer”, disse. Ainda segundo ele, os traficantes que mataram os meninos da Baixada pertencem à mesma facção que matou e esquartejou uma mulher porque ela quis terminar um namoro. A mesma quadrilha também comandou protestos na porta da Delegacia de Homicídios da Baixada, em janeiro. E, recentemente, teria contratado o helicóptero que seria usado para resgatar bandidos presos em Bangu.
“Não é normal. A família não vai à delegacia e queima ônibus em protesto na porta”, disse, referindo-se a um protesto em janeiro em frente à DH-BF, onde um ônibus foi incendiado para chamar a atenção para o caso. “Nenhum traficante tortura, mata e vai na delegacia e se apresenta e diz que foi ele. As testemunhas que depuseram contra os traficantes tomaram uma surra”, revelou Turnowski.
O secretário de Polícia Civil também conclamou a população a combater o poder do tráfico e das milícias. “É importante que a sociedade se una e pense nas pessoas que são reféns de traficantes e milicianos. Estamos do mesmo lado, o lado da dor da família dos meninos e desses reféns. É a luta do bem contra o mal. Por isso aceitei o convite e voltei com prazer para a Polícia Civil", disse ele, que passou oito anos a serviço da Cedae.
Orçamento para a Polícia Civil
A deputada Renata Souza (Psol) quis saber sobre a destinação de recursos e o orçamento da Polícia Civil para investir em melhorias no atendimento ao cidadão e, especificamente, em políticas voltadas para os desaparecimentos. “Dados do Fórum Brasil de Segurança Pública apontaram que nos anos de 2019 e 2020 o investimento na rubrica informação e inteligência é praticamente zero”, destacou. 
Turnowski disse que já foram investidos R$ 20 milhões em compra e instalação de novos equipamentos e tecnologias de inteligência, reabertura de unidades do Instituto Médico-Legal, além dos recém-lançados concursos públicos com 400 vagas (50 para delegados), mas que ainda há muito o que fazer. É fundamental investir no policial civil. Estamos resgatando o orgulho e pertencimento à instituição, que estava sendo atacada com o empoderamento do criminoso”, pontuou.
Renata lembrou emendas aprovadas na Alerj para melhorias na Polícia Civil. “As emendas não são impositivas por causa do Regime de Recuperação Fiscal que não permite, não foram poucas as que fizemos para essa área”, disse. Ela ainda acrescentou que na Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, o orçamento é de apenas R$ 300 mil a R$ 400 mil por ano para ações voltadas à criança desaparecida.
“Um dos objetivos dessa CPI é elaborar políticas públicas que possam auxiliar no processo, a começar pela prevenção, que é caminho mais rápido e barato”, completou o deputado Danniel Librelon, relator da CPI; Ainda segundo ele, a comissão da Alerj não busca “criar muros, mas construir pontes” e ofereceu apoio da casa à Polícia Civil para as ações de informação, inteligência e atendimento.