André Marques Divulgação
Segundo fontes do mercado, é na refinaria baiana que começa a fraude. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) determina que o solvente importado receba um marcador compulsório, que possibilita a identificação do produto, quando ele é misturado à gasolina comercializada nos postos. “A articulação da quadrilha é tão grande que eles conseguem trocar esse marcador compulsório por um produto neutro, tirando assim a possibilidade da ANP de identificar se esse solvente está sendo usado para adulterar gasolina”, afirma a fonte, que pediu anonimato.
Após uma operação da Polícia Civil Fluminense que interditou essa base clandestina na baixada, o produto mudou de destino. Agora o solvente - sem marcador compulsório – fica em São Paulo. Em São Paulo, o produto é misturado em algumas bases localizadas na região de Paulínia, interior do estado, e depois revendido na capital paulista, nos mesmos postos que são usados para lavar o produto do crime organizado. Segundo investigações, documentos demonstram que o solvente originário da refinaria baiana transitava com nota fiscal de uma distribuidora paulista para entrar nas bases de Paulínia. Na nota fiscal o solvente era descrito como Gasolina A.
Representantes em diversos estados
Os avanços das investigações demonstram que o grupo detém representantes em diversos estados brasileiros, como o Paraná. Lá o braço do grupo seria o dono de uma distribuidora de combustíveis, que responde a vários processos criminais no estado.
Já no Rio de Janeiro, o braço do grupo seria um advogado que exerceu cargo de confiança no governo de Wilson Witzel, ex-governador, que sofreu processo de impeachment, e já foi investigado pela Polícia Federal pelo envolvimento com fraudes no segmento de cigarro e bebida.
Com violência, quadrilha tenta manter posição em São Paulo
Na madrugada de uma sexta-feira um posto de combustíveis, localizado na Zona Norte de São Paulo, foi alvo de uma ação criminosa. Três homens estacionaram uma van, próximo a uma bomba de combustível, desceram do veículo e atearam fogo no local. A ação, que destruiu o posto, poderia ter causado uma dezena de mortes, já que o local fica em uma região movimentada e próximo a condomínios habitacionais.
Segundo investigações, o posto estaria atrapalhando os interesses da quadrilha, pois comercializava gasolina sem combinar o preço com a organização criminosa. Após o ataque a quadrilha assumiu o atentado e avisou o proprietário do posto que este seria apenas o início.
Abastecer o carro com combustível adulterado por solvente pode causar grandes prejuízos financeiros, pois todo o mundo pode ser comprometido nesse processo.
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