Enteando e padrasto são enterrados em cemitério Municipal de Olinda, em Nilópolis Reginaldo Pimenta Agência O Dia
Mortes em Anchieta: familiares pedem por justiça durante enterro de enteado e padrasto
Família reforçou que vítimas não tinha nenhum tipo de envolvimento com o tráfico de drogas e voltou a acusar a PM pelo crime
Rio - Dor, comoção e revolta marcaram os enterros de Samuel Vicente, de 17 anos, e do seu padrasto, Willian Vasconcellos da Silva, 38, mortos no fim da madrugada do último sábado em Anchieta, na Zona Norte do Rio. Os dois foram sepultados no Cemitério Municipal de Olinda, em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Antes de se despedir do filho e do marido, Sônia Bonfim Vicente desabafou e pediu por justiça.
"Espero que a justiça seja feita. Esses policiais destruíram minha família. Que sejam presos", disse a dona de casa.
Samuel e o padrasto foram homenageados por parentes e amigos. Após o enterro, que aconteceu por volta das 11h30, cerca de 100 pessoas fizeram uma manifestação pacífica na porta do cemitério. Em uma faixa estendida, os manifestantes diziam que a polícia "primeiro atira e depois pergunta se a vítima é morador ou não".
Coação
No domingo, familiares de Samuel e William estiveram no IML e afirmaram que policiais militares estavam coagindo parentes da jovem Camily da Silva, 18 anos, namorada do rapaz. Ela estava internada em um hospital na Penha, depois de ser baleada na ação policial que tirou a vida do namorado.
Segundo a família, Samuel era um rapaz alegre e sonhava seguir na carreira da Polícia Militar. Ele estudava em um colégio Colégio cívico-militar e ia se apresentar no Exército ainda este ano.
"Seu sonho era usar a farda. Enquanto não realizava, dançava e tinha seu canal no YouTube", relatou a mãe.
Investigações
Na segunda-feira, a Polícia Civil emitiu nota alegando que a falta de efetivo dificulta que a morte de enteado e padrasto seja investigada pela Delegacia de Homicídios da Capital. Segundo a Secretaria Estadual de Polícia Civil, as investigações estão a cargo da 31ª DP (Ricardo de Albuquerque).
A Polícia Civil está ouvindo testemunhas e deve convocar, nos próximos dias, a jovem Camily para entender o que houve no momento dos tiros.
As armas dos policiais, dois fuzis calibres 762, foram apreendidos. Os dois PMs envolvidos na ocorrência estão afastados do serviços nas ruas.
O porta-voz da PM, tenente-coronel Ivan Blaz, disse que a corporação abriu procedimento interno para investigar o caso.
Entenda
Samuel e Camily estavam em uma festa na região do Complexo do Chapadão. Segundo familiares, William estava em casa e foi até o bairro de moto para buscar o enteado e a namorada que estavam passando mal. O trio seguia para uma UPA da região quando foi atingido por tiros disparados pelos PMs. Uma quarta vítima também foi baleada.
Na delegacia, a versão pelos policiais apresentou divergências. Eles afirmaram que trocaram tiros com bandidos e que Samuel estava armado com um fuzil. Em seguida, alegam que a arma usada por Samuel era uma pistola.
Samuel e o padrasto eram tratados como suspeitos, mas a família contesta a versão apresentadas pelos PMs.
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