Samuel Vicente, de 18 anosReprodução

Rio - Apenas um dos policiais envolvidos nas mortes de Samuel Vicente, de 17 anos e do padrasto William Vasconcellos, de 38, no último sábado (25) foi ouvido pela Polícia Civil. O depoimento de um dos agentes foi duplicado pelo relator responsável por colher os relatos da dupla sobre o ocorrido.
Investigadores já tinham notado a semelhança entre os depoimentos de Leonardo Soares Carneiro e Edson de Almeida Santana. De acordo com informações da TV Globo, a versão de um militar foi repetida com o objetivo de “facilitar o trabalho”. Eles serão ouvidos novamente.
Samuel e William foram enterrados nesta terça-feira, no Cemitério de Olinda, por volta das 11h30. Após o sepultamento, cerca de 100 pessoas fizeram uma manifestação pacífica na porta do cemitério. Em uma faixa estendida, os manifestantes diziam que a polícia "primeiro atira e depois pergunta se a vítima é morador ou não". 
Entenda
Samuel e a namorada, Camilly da Silva Polinário, estavam em uma festa na região do Complexo do Chapadão. Segundo familiares, William estava em casa e foi até o bairro de moto para buscar o enteado e a namorada que estava passando mal. O trio seguia para uma UPA da região quando foi atingido por tiros disparados pelos PMs. Uma quarta vítima também foi baleada.
Na delegacia, a versão pelos policiais apresentou divergências. Eles afirmaram que trocaram tiros com bandidos e que Samuel estava armado com um fuzil. Em seguida, alegam que a arma usada por Samuel era uma pistola. Samuel e o padrasto eram tratados como suspeitos, mas a família contesta a versão apresentadas pelos PMs.
Coação
No domingo, familiares de Samuel e William estiveram no IML e afirmaram que policiais militares estavam coagindo parentes da jovem Camily da Silva, 18 anos, namorada do rapaz. Ela estava internada em um hospital na Penha, depois de ser baleada na ação policial que tirou a vida do namorado.
Segundo a família, Samuel era um rapaz alegre e sonhava seguir na carreira da Polícia Militar. Ele estudava em um colégio Colégio cívico-militar e ia se apresentar no Exército ainda este ano.
"Seu sonho era usar a farda. Enquanto não realizava, dançava e tinha seu canal no YouTube", relatou a mãe.
Investigações
Na segunda-feira, a Polícia Civil emitiu nota alegando que a falta de efetivo dificulta que a morte de enteado e padrasto seja investigada pela Delegacia de Homicídios da Capital. Segundo a Secretaria Estadual de Polícia Civil, as investigações estão a cargo da 31ª DP (Ricardo de Albuquerque).
A Polícia Civil está ouvindo testemunhas e deve convocar, nos próximos dias, a jovem Camily para entender o que houve no momento dos tiros.
As armas dos policiais, dois fuzis calibres 762, foram apreendidos. Os dois PMs envolvidos na ocorrência estão afastados do serviços nas ruas. O porta-voz da PM, tenente-coronel Ivan Blaz, disse que a corporação abriu procedimento interno para investigar o caso.