Linhas de ônibus passam a ser multadas automaticamente a partir de hoje, nesta terça (19), foto do ponto final da linha 629.Marcos Porto/Agencia O Dia

Rio - Representantes das concessionárias afirmam que o transporte do Rio de Janeiro está em 'colapso'. Com prejuízo estimado em bilhões, empresários argumentam que a pandemia acentuou a crise e pedem suporte do governo. Já o poder público afirma que o setor precisa de regulação, a fim de desvendar a 'caixa-preta' das contas das companhias. Dados do próprio governo do estado apontam que modais como metrô, trens e barcas tiveram queda de mais de 40% na média de passageiros transportados no último ano. Os números foram apresentados em seminário nesta terça-feira (19), promovido pela Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).
O metrô teve redução de 50% na média de passageiros transportados em dias úteis, em relação ao período pré-pandemia. Os trens tiveram queda de 45%. Nas barcas, a queda percentual chega a 70%.
Nos ônibus municipais, o número foi de 50%. Dados do Rio Ônibus, Sindicato das Empresas de Ônibus, indicam que o número de passageiros pagantes era de 56 mihões em fevereiro do ano passado, antes da pandemia, e caiu para 44 milhões em julho desde ano, em um prejuízo estimado em R$ 2 bilhões.
A frota de veículos envelheceu: tinha média de 5,5 anos em 2020, e passou para 6,7 anos em 2021. Há ainda diversas viações em processo de falência e recuperação judicial. Em julho de 2015, a cidade tinha 42 empresas ativas, número que caiu para 29 atualmente. 
"O colapso anunciado não será por morte súbita, mas por doença crônica, que mina a resistência do  paciente", afirmou Armando Guerra, presidente da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro), que reúne os empresários do setor. "Politizar, judicializar e não fazer nada para apoiar o setor têm consequências dramáticas. É preciso viabilizar um novo modelo de financiamento".
Paula Azem, Subsecretária de Mobilidade e Integração Modal do governo do estado, defendeu a unificação da bilhetagem eletrônica nos transportes do Rio. "Ela é a semente da autoridade metropolitana. É preciso pensá-la em conjunto. Não dá ter governo e operadores em desconfiança um com o outro".
Prefeitura cria ferramenta de multa automática para linhas que operarem abaixo da frota
Como tentativa de regular o sistema de ônibus municipais, a Secretaria Municipal de Transportes criou uma ferramenta que, a partir desta terça-feira (19), passará a multa de maneira automática as linhas que operarem com a forta abaixo do estipulado. Outro plano da prefeitura é a licitação da bilhetagem digital, que dará ao município controle sobre a arrecadação das tarifas.
"O sistema de transportes está atrasado em relações a outros serviços públicos, em termos de regulação. É uma mudança necessária para o setor, que tem uma capacidade de regulação baixa", afirmou a secretária municipal de Transportes, Maína Celidônio, durante o seminário.
"Qualquer gestor com um pouco de medo e um CPF tem muito medo de alocar dinheiro no serviço de transportes. O que o município persegue é um caminho de sanar o problema da transparência com a bilhetagem", completou Maína.