Já de casa, Amélio fala sobre a felicidade de ter recebido alta da unidade de saúdeReprodução de vídeo

Rio - Uma longa história de luta contra a covid-19 teve um final feliz, nesta quarta-feira, no Hospital Unimed, na Barra da Tijuca, Zona Oeste. Amélio Abrantes, de 67 anos, estava internado desde o dia 20 de março, quando deu entrada na unidade com sintomas graves do novo coronavírus. Ao todo, foram 223 dias de internação em que o idoso teve pioras e melhoras. "A covid é um negócio muito triste. Eu não acreditava que ela pudesse ser tão silenciosa, tão tenebrosa e tão horripilante", disse o idoso. 
"Estou há 223 dias sofrendo e passando por coisas que jamais pensei que aconteceriam comigo. Cheguei a chegar pertinho da morte. Mais perto do que cheguei, impossível. Lutei com a morte. Briguei com a morte. Mas com a graça de Jesus Cristo consegui me curar. Sei que poucos vão acreditar nesse vídeo, porque eu também custaria muito a acreditar, se não tivesse sido comigo", disse o idoso, em vídeo gravado ainda no leito do hospital, nesta terça-feira, pouco tempo antes da alta médica.
Segundo a filha de Amélio, Isabel Abrantes, de 41 anos, a família chegou a ser desacreditada sobre a melhora o patriarca em várias ocasiões. Ao todo, Amélio foi intubado e desentubado três vezes e teve complicações decorrentes da covid-19 que o fizeram passar por cirurgias e até a processo de diálise. "Os médicos chegaram a falar para a gente: 'olha, o caso dele é muito grave. Só um milagre para ele sair dessa situação. Pode chamar a família'", disse. 
Quando recebeu essa mensagem do irmão, Fernando Abrantes, 43 anos, Isabel lembra que não quis ir se despedir do pai porque acreditava que ele melhoraria. "Ele tem muita vontade de viver, muita força, mas ele não usava máscara, não ligava para nada. Temos até um vídeo dele pouco antes de se contaminar em que ele brinca com a neta criticando ela por estar de máscara. Ele foi a prova de que essa doença é grave", lembrou a bancária. 
"Eu cuidei dele esse tempo todo. Não vou lá para assistir ele morrer. Até brincaram depois que ele melhorou dizendo assim: 'você não foi lá ver ele para se despedir, ele melhorou'", comentou. 
O idoso teria pego o vírus durante ou após uma comemoração em família, no dia 16 de março. "Quatro dias depois, o caseiro que ajuda ele lá na casa onde ele vive, em Petrópolis, nos avisou que ele não estava bem. Ele internou, recebeu os primeiros cuidados e voltou para casa. Mas retornou porque estava com o nível de oxigenação muito baixo". Amélio estava há poucos dias de ter sua faixa etária coberta pela vacinação. A Prefeitura do Rio só imunizou idosos com 67 anos no dia 2 de abril.
"Hoje ele se preocupa com isso e se diz ansioso pela hora de tomar a vacina. Lembra sempre sobre a vacina", concluiu a filha do idoso.
Apesar da alta, Amélio ainda deve passar por um período de recuperação em casa. A Isabel explica que o pai recebeu alta, mas segue recebendo acompanhamento médico na residência. "Ele vai passar por um longo processo de recuperação motora, com fisioterapia todos os dias e cuidados intensos com as feridas que ele adquiriu durante essa internação", explicou a moradora do Recreio.
Vacinação no Rio
De acordo com calendário da Prefeitura do Rio, todos os idosos, com idade a partir de 61 anos, serão imunizados com a dose de reforço até o dia 14 de novembro. Nesta quarta-feira, a etapa tem uma repescagem para todos com mais de 64 anos. A partir de amanhã, 4, será a vez das mulheres de 63 e na sexta-feira, a vacinação é para os homens.