Secretário da PM completa três meses na secretaria com recorde de prisões e projetosCléber Mendes

Rio -- Nesta semana, o coronel Luiz Henrique Marinho Pires, 50, completa três meses como Secretário da Polícia Militar. “Costumo chegar ao Quartel General às 7h30 e sair às 22h”, disse. A carga horária é um indicativo de como ele define o próprio comando de ‘intensidade e entrega’, lema que reflete nas ruas e na tropa: a PM registra recorde de prisões; reformula o quadro de saúde e de treinamento; além de anunciar um novo posto de monitoramento, com motos, na Linha Vermelha, e a chamada Cidade da Corregedoria.
Ao assumir, Pires encomendou um trabalho sobre a saúde mental da tropa, que apresentava elevado grau de estresse, depressão e suicídios. “Na área de saúde fizemos um reforço inédito: encaminhamos ao governador a contratação temporária de 50% do efetivo previsto, que será por processo seletivo”, explicou.
Além de cada batalhão contar com um psicólogo, há um convênio em andamento com o Hospital Universitário Pedro Ernesto para a tropa ser atendida no local, além de implementar o chamado Ciclo de Palestras de Saúde Mental.
Na parte operacional, o secretário anunciou uma iniciativa que deve inaugurar ainda nesta semana: um centro de monitoramento da Linha Vermelha, com motos, na altura da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). “Serão câmeras de monitoramento da via expressa, em tempo real. No mesmo local, um  grupamento de motos ficará concentrado para sair com agilidade e realizar o patrulhamento”, contou. O policiamento deve começar dia 20, mas pode ser antecipado.
Em seu comando, ele também implementou um aplicativo chamado Horus, ferramenta digital que permite ao policial, em três minutos, realizar consultas a antecedentes criminais e saber se um veículo é roubado. “Com esse sistema, realizamos em outubro 25 mil abordagens nos batalhões de São Gonçalo, Tijuca e Mesquita. No mesmo mês foram 2.892 prisões no Estado, um recorde na corporação”, disse.
A ferramenta será utilizada em toda a Baixada Fluminense, a partir do dia 19. Além de auxiliar o policial nas ruas, o aplicativo permite o controle da gestão de produtividade por unidade de patrulha. “Também aumentamos o Regime Adicional de Serviço com 400 vagas diárias a mais, que é mais patrulhamento nas ruas”, apontou.
Coronel Henrique, como é chamado, ingressou na corporação em 1989 e é conhecido por seu histórico na área de planejamento operacional. "Estava no 5ºBPM (Praça da Harmonia) quando ocorreram as manifestações, em 2013", relembra, tendo atuado no policiamento para os protestos. Em seu currículo há planejamentos operacionais dos Jogos Pan-americanos de 2007; da Copa do Mundo de 2014; e das Olimpíadas 2016.
Policiais militares passam por treinamento de tiro noturno  - DIVULGAÇÃO
Policiais militares passam por treinamento de tiro noturno DIVULGAÇÃO
Treinamentos noturnos e humanizados
Em relação à redução de letalidade, a corporação trabalha em um projeto de atualização da doutrina das operações. Em paralelo, intensificou os treinamentos, inclusive um inédito, que ocorre somente à noite.
“Nas unidades com mais disparos, retiramos a tropa da rua e fazemos condicionamentos de tiros. Há um treinamento novo, que é o de baixa luminosidade. A tropa realiza tiros à noite, que é o período em que notamos aumento de confrontos e há toda uma característica diferente de patrulhamento”, explicou.
Visando o aumento da sensibilidade do policial, os conceitos da Patrulha Maria da Penha foram expandidos em regiões onde há elevado descumprimento de medidas protetivas. 
Cidade da Corregedoria
Um projeto do secretário é criar a chamada Cidade da Corregedoria. “Atualmente, a parte administrativa da corregedoria está no Quartel General e a relatoria, em Neves, em São Gonçalo. Não podemos ter o corpo separado da cabeça. Nossa busca é uma sede própria que vai dar mais celeridade e fora do QG. Assim, a população terá mais tranquilidade em procurar o local para possíveis denúncias”, disse.
No combate às milícias, o secretário buscou reforçar a 8ª DPJM (Delegacia de Polícia Judiciária Militar), responsável por crimes de narcomilicianos na corporação. “Também intensificamos o Comando de Polícia Ambiental com operações conjuntas com a Polícia Civil, Inea, Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Ministério Público”, disse.