Fabrício QueirozReprodução SBT

Rio - Denunciado como operador do suposto esquema de "rachadinha" do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), Fabrício Queiroz revelou que deixou o Rio de Janeiro para não ser morto. Em entrevista ao SBT, nesta terça-feira, o policial militar aposentado e ex-assessor também disse que sonha em retomar a amizade com o presidente Jair Bolsonaro.
"Saí do Rio de Janeiro por medo de ser morto. Eu ia ser queima de arquivo para cair na conta do presidente, assim como o Adriano [da Nóbrega]", disse Queiroz em alusão ao miliciano morto em operação policial na Bahia no ano passado. 
Adriano da Nóbrega é apontado como líder do Escritório do Crime, uma das milícias mais antigas e poderosas do Rio de Janeiro. Ele também é descrito pelo Ministério Público do Rio como tendo sido membro do esquema da suposta "rachadinha" no antigo gabinete de Flávio.
Após três anos, Queiroz quebrou o silêncio sobre o caso em que é investigado. Ele falou sobre sua relação com a família Bolsonaro e disse que vai provar sua inocência.
"Eles são meus amigos sim e o presidente foi bem claro: 'Queiroz é meu amigo e enquanto não ficar esclarecido [rachadinhas] cortamos relações' e, se Deus quiser vou provar minha inocência. Meu sonho é voltar a ter amizade com o presidente".
O ex-assessor afirmou ainda que apesar de ter sido encontrado na casa de Frederic Wassef, advogado do presidente, em Atibaia, no interior de São Paulo, eles não se conhecem pessoalmente. Segundo Queiroz, ele ficou na casa do defensor apenas para um realizar um tratamento de saúde. Wassef, por sua vez, o abrigou para proteger o presidente, disse o ex-assessor.
Em 2018, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentação financeira atípica na conta de Queiroz, o que levou o MP do Rio a desconfiar da existência da "rachadinha". Nesse esquema, segundo a investigação, funcionários fantasmas nomeados em cargos de confiança repassariam a Flávio, com intermediação de Queiroz, a maior parte do salário que recebiam.
Os desvios supostamente ocorreriam na Assembleia Legislativa do Rio, onde o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro foi deputado, eleito pela primeira vez em 2002. Queiroz foi assessor de Flávio por 11 anos. O MP suspeita que esquema semelhante tenha sido adotado na assessoria de Carlos na Câmara Municipal, com possível participação do ex-assessor no Legislativo estadual.