Bira Carvalho era um dos principais fotógrafos da cena cariocaReprodução: Maré de Notícias Online

Rio - Nesta segunda-feira, 29, as ruas e vielas de Nova Holanda, no Complexo da Maré, perderam um de seus principais fotógrafos. Cronista e apaixonado pela cidade do Rio de Janeiro, Bira Carvalho morreu aos 51 anos de idade. Não há informações sobre a causa da morte. O velório do artista aconteceu na manhã desta terça-feira, 30, no Centro de Artes da Maré (CAM) e o sepultamento, no Cemitério do Caju.

Com um acervo de mais de 17 mil imagens, o seu trabalho mostrou ao mundo o que é a realidade das favelas cariocas. As fotos de Bira, além das lutas pela igualdade e contra as injustiças sociais, também retratavam a alegria das ruas, das festas e praças, onde as crianças brincavam.

Bira Carvalho nasceu em Niterói, Região Metropolitana, e foi criado pela tia. Aos cinco anos, sua família foi morar na favela Nova Holanda, no Rio. Quando já tinha 22 anos, ele levou um tiro e, desde então, usava uma cadeira de rodas para se locomover. Bira dizia que sua “vivência no mundo é formada pelo subúrbio e pela favela”.

Nas redes sociais, amigos, familiares e admiradores lamentam a morte do artista. “A fotografia popular amanheceu hoje com uma grande perda: o falecimento de Bira Carvalho, um dos maiores fotógrafos daqui da Maré. Não tem um morador que não tenha sido registrado pelo seu olhar atento ao movimento da favela. Que esteja bem. Saudades! Bira Carvalho, presente!”, escreve Kananda Ferreira, moradora do bairro.

O educador popular e fotojornalista Breno Laerte, também no Twitter, disse que Bira tinha um olhar monumental e forte de retratar o cotidiano da favela. “Descanse em paz, grande Bira. Seu olhar continuará vivo na Maré’, disse. Um de seus últimos projetos, chamado Imagens do Povo, está disponível na Revista das Periferias e pode ser conferido neste site.

Em texto publicado no portal Maré de Notícias Online, a Redes da Maré — ONG criada por moradores e ex-moradores do Complexo — prestou homenagem ao fotógrafo. “Seguramente, Bira e seu legado vão continuar a inspirar as novas gerações de ‘mareenses’ e de jovens de todas as favelas do Rio de Janeiro e do Brasil. Seu exemplo de superação, trabalho e esperança num mundo melhor continuarão vivos em todas as pessoas que de alguma maneira conviveram com ele e sua obra”, escrevem.
*Estagiária sob supervisão de Cadu Bruno