Tradicional queima de fogos em Copacabana, na Zona SulDaniel Castelo Branco

Rio - A reunião entre os comitês científicos da Prefeitura e do Governo do Rio sobre a realização da programação oficial de Réveillon segue sem data prevista para acontecer. No último sábado (4), Eduardo Paes (PSD) anunciou o cancelamento do evento na capital fluminense. Contudo, nesta terça-feira, Cláudio Castro (PL) informou que considera permitir a realização da queima de fogos com reprodução de música eletrônica em Copacabana, na Zona Sul do Rio.
"A ideia é a gente fazer os fogos com música eletrônica, umas caixas de som, e a proibição de estacionamento para que a gente possa evitar essa aglomeração", disse Cláudio Castro.
O prefeito do Rio anunciou o cancelamento após a divulgação da notícia de que parte dos técnicos especialistas consultados pela Secretaria Estadual de Saúde haviam desaconselhado a realização da festa. Mas, Paes e Castro têm conversado para pensar alternativas para a celebração. Castro lamentou que a preocupação do Conselho Científico tenha sido vazada.
À imprensa, o governador falou na Associação Comercial nesta terça-feira que nada está definido a respeito do modelo a ser adotado para a festa. Nem o cancelamento da celebração está certo. "Cenas dos próximos capítulos. Isso os técnicos vão se reunir e é problema deles. A gente dá a ordem e eles têm que se virar pra achar como vão fazer. Se não, mando todo mundo embora e eu faço", afirmou.
Especialistas avaliam que festa é arriscada
A pesquisadora em Saúde e membro do Comitê de Combate ao Coronavírus da UFRJ Crystina Barros afirma que a queima de fogos é um chamariz para multidões de acesso incontrolável. "Não é hora de esmorecermos. Vamos lembrar que esse tipo de evento abre as portas para um turismo que não tem controle de pessoas vacinadas e que pode trazer variantes do mundo, que podem provocar reinfecção. A mensagem correta neste momento é: vacinem-se, mas sigam usando máscara e proteção", afirmou a pesquisadora.
O pesquisador da Fiocruz Hermano Castro avalia que a queima de fogos pode oferecer risco para aumento de casos de covid-19 no Rio. "Nesse momento, ainda há um risco elevado em ter festas dessa natureza com milhões de pessoas, que certamente estarão sem máscara com as ameaças que a gente tem atualmente. Nós temos uma nova variante que ainda precisamos conhecer qual será o caminho que a variante vai tomar, parece que a vacina pega, tem uma transmissibilidade maior, mas não sabemos o tamanho dela numa população vacinada como a nossa", ponderou.
O sanitarista reforça que não atingimos 80% da população vacinada. " Todas essas incertezas nos coloca numa situação vulnerável. Com risco de haver um recrudescimento da doença pós-Réveillon. Acho que a gente não merece e não devemos correr esse risco. Já temos 615 mil mortes no Brasil. Hoje, estamos com mortalidade controlada e em baixa em vários Estados e municípios. O Rio de Janeiro avançou bem com a vacina, mas uma festa como essa põe em risco isso tudo. Podem vir pra cá aqueles que não se vacinaram e tem essa nova ameaça do Ômicron. Acho que nesse momento é temeroso abrir a guarda e organizar festas com milhões de pessoas circulando na rua", afirmou Hermano Castro.