Coletiva na Cidade da Polícia sobre operação Big Fish: delegado Felipe Curi, diretor das unidades especializadas; Ronaldo Oliveira, subsecretário de Integração Operacional; Flávio Moura, da delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro; e Gabriel Poiava, delegado titular da DCOC-LDFABIO COSTA/AGÊNCIA O DIA

Rio - Uma investigação de três meses da delegacia de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD) apontou que o tráfico de drogas do Jacarezinho usava pequenos comércios locais para lavar o dinheiro do crime. O esquema, segundo a polícia, é comandado por Marcus Vinicius da Silva, o Lambari, que vive em Natal (RN) mas ainda teria o controle da comunidade, mesmo à distância.
A operação, batizada de 'Big Fish', cumpriu sete mandados de busca e apreensão: quatro no Jacarezinho e três no Rio Grande do Norte. Não houve tiroteio, e policiais recolheram documentos que podem comprovar a lavagem de dinheiro. Pequenos comércios da favela como açougues, mercearias e depósitos de bebidas eram utilizados no esquema. Os empresários eram usados como 'laranjas'. A Polícia pediu o bloqueio judicial de R$ 40 milhões, além do sequestro de bens.
"Tivemos êxito em arrecadar bastante documentos que corroboram que essas lideranças se utilizam de laranjas para ocultar o patrimônio, com pequenas empresas que funcionam no interior do Jacaré. São  mercearias, mercadinhos, distribuidoras de bebidas, açougues, que juntas movimentaram R$ 40 milhões em dois anos, fruto provavelmente da lavagem de dinheiro do tráfico de drogas", afirmou o delegado Gabriel Poiava, da DCOC-LD (Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro).
O esquema de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho no Jacarezinho seria comandado por Marcus Vinicius da Silva, o Lambari. Antigo traficante do Jacarezinho, ele foi preso em 2011, cumpriu a pena e se mudou para Natal (RN). De lá, ele comandaria uma rede de relacionamentos que ainda lucram com o tráfico. A Polícia Civil não deu detalhes sobre quem seriam essas pessoas, mas afirmou que elas estão sendo investigadas.
"A missão é a descapitalização da estrutura financeira. A gente quer perseguir o lucro da atividade criminosa e impedir a fruição dessas lideranças. Muitas estão até distantes, possuindo uma vida de considerável luxo em outro estado e entregando aos seus soldados enfrentamentos com a polícia. Desta vez não houve confronto", disse o delegado Flávio Moura, diretor do Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro.
Projeto Cidade Integrada 'facilitou' entrada, diz delegado
Policiais civis entraram no Jacarezinho por volta das 5h30 e não houve tiroteio. Inicialmente, relatos nas redes sociais apontavam um confronto, mas a Polícia Civil afirmou que ele aconteceu em Manguinhos, favela em frente ao Jacarezinho.
Segundo os delegados, o Cidade Integrada, projeto de ocupação do governo do estado no Jacarezinho e na Muzema, facilitou a entrada das equipes. O Cidade Integrada foi iniciado no dia 19 de janeiro.
"O cidade integrada nos possibilitou entrar no Jacaré e constatar o que a gente não podia fazer anteriormente: constatar, ao vivo, que essas empresas não possuem estrutura física suficiente para movimentar milhões de reais. Através de uma análise financeira, tivemos o panorama da lavagem de dinheiro. E presencialmente, percebemos que essas mercearias não possuíam lastro", explicou Poiava.