Para Chebabo, todos deveriam usar máscara em locais fechadosDivulgação

Rio - Durante uma coletiva no início da tarde desta quinta-feira (2), o prefeito Eduardo Paes recomendou o uso de máscaras para pessoas idosas, com comorbidades e alunos da rede pública e privada. Apesar da recomendação, Paes disse que não iria impor ou criar nenhum tipo de medida restritiva neste dia. Na contramão, especialistas ouvidos pelo DIA acreditam que o uso da máscara deveria ser recomendado em locais fechados e transporte público.

Para Chrystina Barros, pesquisadora em saúde e membro do Comitê de Combate ao Coronavírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é preciso enfatizar a questão do uso de máscaras para pessoas que têm vulnerabilidade, se ficarem doentes, podem desenvolver formas graves da doença. Ela ressalta também ser necessário reforçar a vacinação para as crianças, uma vez que, elas também fazem parte da cadeia de transmissão, e voltaram às aulas.
Vigilância deve ser ativa
"Da mesma maneira que estamos estagnados na cobertura vacinal. E isso é um grande problema, mas não temos aqui a introdução de uma variante nova. Também estamos entrando no inverno. Então, por todo esse contexto, já era de se esperar o aumento do número de casos. O que não podemos perder de vista e temos que acompanhar é a identificação das cepas que circulam por aqui, ou seja, a vigilância precisa ser ativa para identificar uma eventual variante predominando e reforçar a procura pela vacina", avaliou a pesquisadora.

Ainda conforme Chrystina, o principal ponto é que a população relembre: "Nós não ficamos livres da covid e assim como qualquer doença respiratória pode ser grave". Ela considera como medidas importantes, o uso de máscaras no transporte público e acredita que deveria ser obrigatório.

"Nós sabemos que no inverno as pessoas fecham as janelas, o ar não circula e qualquer pessoa com sintoma respiratório pode transmitir a doença. A obrigatoriedade para o uso de máscaras no transporte público precisa ser enfática, no mais, incentivo a campanha de vacinação. Não é tempo de medidas restritivas mais duras, mas é tempo de não baixar a guarda, manter a vigilância e consciência de todos. Ainda que não seja obrigatória, a máscara é um cuidado", ponderou a especialista.

A médica, Roberta França, pós-graduada em geriatria, gerontologia e em psiquiatria, além de membro da Comissão de Direito da Pessoa Idosa (OAB/RJ), disse que foi contra a liberação no período do Carnaval e, posteriormente, no inverno. Segundo ela, nesta época do ano ocorrem mais casos de gripes, pneumonias, síndromes respiratórias.
Medida simples e eficaz

"Diante da dificuldade e das semelhanças dos sintomas, eu sempre considerei que o uso de máscaras deveria ser mantido, uma medida simples e, extremamente eficaz, como vimos durante todo período da pandemia. O uso de máscara deve ser mantido até termos de fato uma estabilidade tanto das doenças respiratórias quanto da covid-19. Nós estamos aí diante de um surto de gripe, resfriado e recomendo que pessoas com quadros gripais usem máscaras, como medida de proteção para minimizar a quantidade de vírus ambiental e de pessoas doentes", pontuou a médica.

O infectologista Alberto Chebabo, vice-presidente na Sociedade Brasileira de Infectologia, também é a favor do uso de máscaras pela população. "Acho que todos deveriam usar máscara em locais fechados, principalmente com grande aglomeração". De acordo com ele, nesse momento de alta circulação viral, as máscaras ajudam a proteger e conter a transmissão dos vírus respiratórios.
Levantamento da Fundação Oswaldo Cruz mostra que, em todo país, a Covid-19 já responde por 59,6% dos casos de SRAG. No Rio, casos de SRAG aumentaram em 72% no Rio nas últimas semanas. Diante a este cenário, o pesquisador pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, também recomendou o uso de máscaras nos transportes públicos e coletivo individual, assim como em locais fechados.