Raquel morreu após ser imprensa em um poste por um carro alegórico da escola de samba Em Cima da HoraReprodução

Rio - Falta de iluminação, reboque inadequado e problemas no motor foram algumas das falhas apontadas pelo laudo de reconstituição da Polícia Civil do acidente envolvendo a escola de samba Em Cima da Hora, em abril deste ano, que matou a menina Raquel Antunes da Silva, de 11 anos. Foram ouvidos: dois motoristas do reboque, o coordenador da dispersão que também é guia lateral esquerdo e o condutor do carro alegórico. O caso está a cargo da 6ª DP (Cidade Nova). 

De acordo com o documento da reconstituição obtido pelo DIA, a manobra realizada pelo reboque não foi feita de forma adequada, infringindo o artigo 236 do Código de Trânsito Brasileiro. A regulamentação diz que "rebocar outro veículo com cabo flexível ou corda, salvo em casos de emergência, é considerado uma infração média, com a penalidade de multa". Além disso, faltou mais um guia na lateral direita, onde estava Raquel, para orientar o motorista no momento que o carro foi guinchado para parte externa da Apoteose. Apenas o da lateral esquerda e o que ficava na frente estavam presentes. Segundo a Polícia Civil, o lado direito também estava com baixa luminosidade porque o poste não estava funcionando, prejudicando o campo de visão do condutor.

Esse mesmo poste, que o carro alegórico imprensou a menina, também estava em desacordo com a norma ABNT, que estabelece que eles devem ser instalados a uma distância mínima de 15cm da guia da calçada, quando ela tiver uma largura menor ou igual a 2,5 m, e de 20 cm da guia, se a calçada possuir mais de 2,5 m.

A reprodução simulada apontou também que não houve isolamento correto da Rua Frei Caneca durante o deslocamento do conjunto, o que permitiu a circulação desordenada de pedestres no momento.
O presidente da Liga-RJ, Wallace Palhares, o ex-diretor de carnaval da Liga-RJ, Cícero da Costa, o diretor de operações da Liga-RJ, Jefferson Carlos Leite e o diretor de Carnaval da escola Em Cima da Hora, prestaram depoimento em maio, na 6ª DP (Cidade Nova). A mãe da menina, Marcela Portelinha, também foi ouvida, além de testemunhas. 
Relembre o caso

A tragédia ocorreu na quarta-feira do dia 22 de abril de 2022, durante o desfile da Série Ouro, a divisão de acesso ao Grupo Especial, na Rua Frei Caneca, que fica em volta do sambódromo, no Centro do Rio. Segundo testemunhas, Raquel teria subido em cima do veículo e, quando ele começou a ser empurrado, teve parte do corpo prensado contra um poste. Outras pessoas afirmam que ela estava apenas próximo ao carro. A menina ficou em estado gravíssimo após o ocorrido e chegou a ter uma das pernas amputadas.
Ao saber que a filha havia morrido, a mãe da menina, Marcela Portelinha, grávida de cinco meses, desmaiou na porta do Hospital Souza Aguiar. Segundo funcionários do hospital, Raquel teve uma hemorragia interna e não resistiu. 
Usando o Instagram da filha, a mãe se defendeu de críticas na internet de que teria responsabilidade na morte da menina.

"Oi, eu sou uma anjinha, não posso responder por mim, então é minha mãe que está falando com todos vocês. Sou eu, Raquel. Vim dizer que amo todos vocês e estou vendo o sofrimento de vocês por mim. Todos que estão criticando a minha mãe, Marcela, a culpa não é dela. Subi por conta própria. Não tenho muito tempo para falar. Mãe, eu te amo. Seja forte e corajosa. Não temas e não desanime. Sou teu Deus", informou o texto publicado.