Praia da Bica, na Ilha, sofre com desrespeito de quiosqueirosarquivo pessoal

Rio - Localizada no Jardim Guanabara, um dos bairros mais valorizados da Ilha do Governador, a Praia da Bica é conhecida por ser local de encontro de amigos, namorados e de diversão em geral nos fins de semana. Mas para alguns moradores, a tal da diversão está, há alguns meses, acima do tom. A reportagem do DIA ouviu alguns moradores da orla que reclamam do som alto madrugada adentro que alguns quiosques promovem, principalmente de quinta a domingo.
Além da música ao vivo que, segundo os entrevistados, vai até 3h, 4h da manhã, eles dizem que o bairro está dando uma sensação de desordem que não lembra a Praia da Bica de outros tempos. Inclusive, com cadeiras de praia espalhadas pela areia, e consequentemente com lixo produzido pelos visitantes sujando a praia, enquanto o som rola solto.
“O uso do solo urbano está uma bagunça. A atuação da subprefeitura está pior do que a da anterior, que já era muito criticada. Vê se na Zona Sul os quiosques podem estender suas cadeiras pela faixa de areia? De jeito nenhum!”, diz um dos moradores, de 38 anos, que preferiu não se identificar, assim como os outros entrevistados, que temem algum tipo de represália.
Outra moradora, de 64 anos, conta que ela e os vizinhos já recorreram à Secretaria de Ordem Pública (Seop), Guarda Municipal, o 190 da PM e à subprefeitura da Ilha, mas ainda não viram mudanças.
“Não somos contra os quiosques, aqui é ponto de encontro de pessoas de todas as idades, ninguém quer o fechamento dos estabelecimentos. O problema é que alguns deles passaram dos limites com relação aos cuidados com o espaço e barulho. Manter uma certa ordem é bom para todos nós e para quem vem visitar a Praia da Bica”, explica.
A moradora conta que está nesse endereço desde 2003, e sua mãe, de 85 anos, tem sofrido para conseguir dormir. Outro incômodo é o ambiente que se forma no entorno de alguns quiosques: pessoas gritando, inclusive palavrões, discussões de gente alcoolizada... na manhã seguinte, as pessoas ainda se deparam, na saída dos prédios, com garrafas vazias jogadas nos portões de entrada.
Com 71 anos e morando em andar alto, outro morador diz que, mesmo em quiosques mais ‘comportados’, as pessoas não fazem a menor cerimônia. “Me incomoda as pessoas falando alto. Já no quiosque que coloca o som alto de quinta a domingo, o barulho às vezes vai até 4h da manhã. Imagino que os moradores dos apartamentos dos andares mais baixos devam sofrer mais ainda.”
A Ilha é considerada um lugar familiar. Pois até o sofrimento é em família, como testemunha esse morador. “Minha esposa faleceu no ano passado, de câncer. Tínhamos aqui um ‘home care’ e era muito estressante para ela, que não conseguia dormir. E eu tenho um neto adolescente que também sofre para estudar em certos dias.”
Guarda Municipal
Até o fechamento da edição, a subprefeitura da Ilha não se manifestou.  A Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) solicitou que a demanda da reportagem fosse direcionada para a Guarda Muncipal. A GM-Rio afirmou que recebeu oito chamadas para o local, e garantiu que tomará as providências cabíveis. Veja a nota da corporação na íntegra.
"A Guarda Municipal do Rio (GM-Rio) atua na região da Praia da Bica, por meio da 12ª Inspetoria, integrando ações de fiscalização em conjunto com a Coordenadoria de Controle Urbano (CCU) da Seop e com a Subrefeitura das Ilhas, além do apoio da Polícia Militar, com foco no ordenamento urbano da região.
Em relação às denúncias de perturbação dos sossego, a Coordenadoria Regional Norte (CRN) da GM-Rio registrou neste ano oito chamados para o local, sendo três com solução e cinco sem constatação de irregularidade.
A Subprefeitura das Ilhas também informa que está ciente do problema e vem fazendo fiscalizações periódicas na Praia da Bica, alertando os donos dos quiosques em relação às irregularidades cometidas. Como a desordem persiste, tomaremos as providências cabíveis."