Rio - Alessandra Sampaio, mulher de Dom Phillips, leu um pronunciamento emocionado durante o velório do jornalista inglês, neste sábado, 26, no Cemitério Parque da Colina, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Ela pediu segurança para os defensores do meio ambiente e ressaltou que ele está sendo cremado no país que escolheu. "Hoje Dom será cremado no país que amava, seu lar escolhido, o Brasil. O dia de hoje é de luto", disse ela.
A cerimônia é restrita para amigos e família, mas do lado de fora do cemitério, integrantes de movimentos sociais estenderam uma faixa com a pergunta "Quem mandou matar Dom e Bruno?". A cremação do corpo está marcada para 12h. "Seguiremos atentos a todos os desdobramentos das investigações, exigindo Justiça", disse Alessandra.
Alessandra agradeceu aos que participaram das buscas por Dom e Bruno Pereira, indigenista que também foi assassinado. Ela agradeceu ainda à imprensa pela cobertura das buscas pela dupla e na cobrança por transparência nas investigações sobre o caso.
"Dom era uma pessoa muito especial, não apenas por defender aquilo que acreditava como profissional, mas também por ter um coração enorme e um grande amor pela humanidade. Vamos celebrar a doce memória de Dom e a sua presença em nossas vidas", disse Alessandra.
Os corpos de Bruno Pereira e de Dom Phillips foram entregues às famílias na última quinta-feira, cerca de duas semanas após desaparecerem no Vale do Javari. Eles foram encontrados no dia 15. De acordo com os laudos, ambos foram mortos a tiros, com munição de caça. Três homens já foram presos, mas segundo a Polícia Federal, outros cinco homens, ainda não identificados, ajudaram a enterrar o jornalista e o indigenista.
Bruno foi enterrado neste sábado, no cemitério Morada da Paz, em Paulista, região metropolitana do Recife, em Pernambuco com diversas homenagens de povos indígenas e protestos por justiça.
Caso
Bruno Pereira, de 41 anos, e Dom Phillips, de 57 foram mortos quando voltavam de uma expedição no Vale do Javari, em uma área remota da Amazônia brasileira. O local, que abriga a segunda maior terra indígena do país, é uma área conhecida por sua periculosidade devido à atividade de narcotraficantes, pesca e garimpo ilegais.
Dom estava na região trabalhando em um livro sobre preservação ambiental, guiado por Pereira que era indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai). Ele estava licenciado temporariamente para trabalhar com organizações indígenas em projetos de vigilância de seus territórios.
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