Universidade cancelou suas atividades após ameaças de ataques pela internetCléber Mendes / Agência O Dia

Rio - A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro decidiu suspender as atividades nos campi da Urca, na Zona Sul, nesta segunda-feira para garantir a segurança da instituição. Um aluno do curso de Sistemas de Informação da UniRio é suspeito de promover ameaças de ataques à universidade. A instituição afirmou no último domingo que acionou órgãos oficiais para cuidar do caso. Ainda não há confirmação de quem será responsável pela investigação, mas por ser uma universidade federal, a competência seria da Polícia Federal. 
A nota foi divulgada às 10h35 e ressaltava o conteúdo de risco publicado pelo estudante. "A reitoria, em entendimento com os Decanos do Centro do Ciências Exatas e de Tecnologia (CCET), do Centro de Letras e Artes (CLA), do Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCH) e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS)/ Instituto de Biociências (Ibio), além da Biblioteca Central e do Restaurante Universitário, suspende as atividades nos campi 436 e 458 nesta segunda-feira (20), diante dos recentes fatos relatados em postagens com conteúdo de risco", diz o texto.
O estudante suspeito se autodenomina um "incel", ou seja, um celibatário involuntário. O grupo é formado por homens solitários que se reúnem em fóruns na internet. Em comum, está a rejeição por mulheres e homens sexualmente ativos e o teor do discurso de ódio e misoginia. Em um canal no YouTube, o homem já havia gravado vídeos com conteúdos racistas e misóginos. Mais recentemente, ele publicou e em seguida removeu de um site de plataforma de vídeos, ameaças de massacre com uso de armas na unidade.
Uma colega do rapaz comentou no domingo o medo diante das publicações e do comportamento do estudante. "O cara tá ameaçando e a reitoria já sabia e nada fez. Estamos vendo uma desgraça se formar e ninguém vai fazer nada. Eu não piso lá até esse cara ser preso", escreveu.
Histeria e falha na comunicação
Muitos alunos foram surpreendidos nesta segunda-feira com a suspensão das atividades nos campi da Urca. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unirio ressaltou que boa parte dos estudantes mora longe da universidade e soube da suspensão apenas quando chegou à faculdade. Os estudantes avaliam que houve falha na comunicação.
"Muitos alunos não ficaram sabendo (da suspensão). Teve gente que veio de Magé para a Urca, ou de lugares mais distantes. A gente entendeu que a suspensão da aula no campus da Urca foi boa para não gerar nenhum risco para a comunidade acadêmica. Mas, deveria ter sido avisado antes, ou, pelo menos por email. Porque mesmo prezando pela Segurança, muita gente gastou passagem e tempo para chegar e voltar para casa", afirmou um dos representantes do DCE.
O estudante contou que o vídeo começou a viralizar no próprio domingo entre os colegas. "Foi muito ruim ter sido espalhado, só provocou histeria e desespero. Ficou todo mundo especulando o que iria acontecer", contou. Em uma live realizada ontem, o autor dos vídeos contou que já havia sido internado por problemas psiquiátricos e que havia descontinuado os medicamentos.
Alunas e alunos cobram posicionamentos mais claros da faculdade. "Vocês suspendem hoje, mas e depois? As pessoas estão bastante assustadas com tudo isso. Precisamos de uma posição quanto a segurança dos alunos para que tenhamos condições mínimas de voltar ao campus", afirmou uma jovem. "
Eu estou muito preocupada com isso. Acho que os alunos deveriam fazer uma paralisação. Ou esse cara é preso/internado, ou a gente não volta para universidade", acrescentou outra aluna. Outro estudante também afirmou que não pretende voltar à faculdade. "Tá, mas já estão atrás do cara? Ninguém vai pisar nessa faculdade enquanto isso não acontecer", declarou.
Procurada, a Polícia Federal não retornou à reportagem até a última atualização deste texto.