A delegada Dra. Camila Lourenço fala sobre o caso do Cônsul Alemão Uwe Hebert Hahn. Autoridades do Rio de Janeiro investigam as circunstâncias da morte do cidadão belga Walter Henri Maximilien Biot, de 52 anosVanessa Ataliba/Agência O Dia

Rio - A delegada da 14ª DP (Leblon) Camila Lourenço, responsável pela investigação do caso envolvendo o cônsul alemão Uwe Herbert Hahn, afirmou, nesta segunda-feira (8), que a polícia não tem dúvida sobre a causa da morte do belga Walter Henri Maximilien Biot. Ele foi encontrado já sem vida dentro da cobertura onde o casal morava, em Ipanema, na Zona Sul, na noite da última sexta-feira.  
"A causa determinante da morte foi um traumatismo craniano na região da nuca. Não há dúvidas de que a causa da morte foi essa. A ação contundente gerou uma infiltração hemorrágica na região lobo occipital e essa foi a causa morte, mas há um contexto que sugere ter havido espancamento. (...) Não há dúvidas em relação à prática de um crime doloso contra a vida. Estamos diante de um crime doloso contra a vida", enfatizou a delegada. 
Cônsul alemão diz que marido teve mal súbito; na foto, belga está de camisa clara, ao lado do companheiro - Arquivo Pessoal
Cônsul alemão diz que marido teve mal súbito; na foto, belga está de camisa clara, ao lado do companheiroArquivo Pessoal
Segundo Lourenço, a principal missão da investigação no momento é identificar quais eram as motivações do crime, qual era o "pano de fundo" para que essa atitude tenha sido tomada pelo suspeito. 
"É preciso analisar nesse momento o histórico do casal. O pano de fundo. Saber se havia um caso de violência doméstica, por quanto tempo. Saber se a vítima era agredida. Daí a necessidade de ouvir testemunhas para saber o pano de fundo da ocorrência, que são circunstâncias que podem interferir na pena. São qualificadores", disse a delegada.
Uma das testemunhas do caso, a secretária do cônsul alemão, que limpou mancha de sangue deixada por Walter dentro do apartamento, chegou para prestar depoimento na delegacia, também nesta segunda-feira. De acordo com a delegada, ela teria explicado que limpou o local porque o cachorro do casal estava lambendo o sangue.  "A gente está no estágio de refinar a investigação para apurar as circunstâncias do crime", avaliou Camila. 
O caso
O diplomata alemão Uwe Herbert Hahn disse em seu primeiro depoimento à polícia que seu companheiro teve um mal súbito e caiu de cara no chão, entre a sala e a varanda do apartamento. O caso aconteceu por volta das 20h da última sexta-feira (5). Em seu relato, o cônsul disse ainda que seu companheiro, com quem vivia há cerca de 20 anos, tomava remédios para dormir e bebia, diariamente. 
Ele foi preso na manhã de sábado, após o laudo de necropsia feito por perito legista da Polícia Civil indicar a causa da morte por traumatismo craniano, além de outras 30 lesões entre hematomas e ferimentos, alguns provavelmente feitos com objetos pequenos.