O projeto integra 150 pescadores das colônias de Magé e São GonçaloDivulgação

Rio - Em São Gonçalo, na Região Metropolitana, e em Magé, na Baixada Fluminense, 150 pescadores decidiram se unir para fazer a diferença. O projeto "Águas de Guanabara", que visa quantificar e qualificar os resíduos sólidos e seus impactos sobre a fauna e flora da Baía, da Federação Estadual dos Pescadores do Rio de Janeiro (Feperj), teve início este ano e em oito meses já mostrou resultados: 309 toneladas e 470 quilos foram retirados de praias, manguezais e rios.
Só em Magé, no canal de mesmo nome do município, nos rios Suruí e Estrela, os pescadores da colônia Z-9 recolheram um total de 250 toneladas de lixo. Já em São Gonçalo, nos riso Embaço, Pomba, Marimbado e outros, foi possível perceber o mesmo cenário de degradação do meio ambiente e dos recursos históricos. Ali, pescadores da colônia Z-8 recolheram 58 toneladas de lixo flutuante e demais resíduos sólidos. Todo lixo retirado da costa, é encaminhado para as prefeituras locais, para ser dada a devida destinação.
De acordo com a Feperj, que congrega as 26 Colônias de Pescadores do estado, o projeto está sendo realizado para analisar as condições territoriais, ambientais e econômicas, dar um diagnóstico ambiental e poluidor (resíduos sólidos flutuantes e de fundo), mapear os pontos críticos e conscientizar sobre os riscos para futura sustentabilidade junto à destinação do material retirado.
"Essa é uma realidade dura para os pescadores, além de causar uma grande degradação do meio ambiente e dos recursos hídricos, como a atividade pesqueira, prejudica também representantes da flora e da fauna local. Mas o resultado do nosso trabalho já começou a mudar essa realidade", disse o presidente da Federação, Luiz Carlos Furtado.
A natureza, de acordo com os pescadores, vem dando respostas à ação. Siris que não apareciam há décadas começaram a voltar para seu habitat natural, o mangue. Vê-los de volta emocionou o pescador Aldir Borges. "Esse é o siri mais raro de aparecer por aqui, o que significa que a água está melhorando, e nosso trabalho está dando certo. E se continuar assim, daqui uns anos, teremos milhares como este por aqui", comemorou.
Além da retirada do lixo, o projeto busca proporcionar melhores condições de trabalho aos pescadores. A Feperj realiza mensalmente ações com os profissionais da pesca, como exames de rotina, com objetivo de identificar possíveis problemas de saúde e, com apoio das prefeituras, encaminhá-los para um médico especializado. Os pescadores também são remunerados pelo trabalho de coleta, além de receberem cartão auxilio alimentação e ajuda com a documentação da embarcação e do pescador.
Para o pescador José Nilton da Costa Medeiros, o inverno, além dos resíduos, torna a pescaria muito mais difícil. "A dificuldade desse período afeta todos nós, e receber esses auxílios e esse cartão alimentação nos deixa muito felizes. Agradecemos muito a colônia Z-9 e a federação que vem nos ajudando com o projeto Águas da Guanabara", explicou o pescador, que começou na profissão ainda quando criança, acompanhando o pai.