Bombeiro morto após ser atropelado por um ônibus em Copacabana é enterrado
Familiares e amigos de Gilson Castro Silva pedem por justiça
Daniele Ferreira Castro, sobrinha do bombeiro Gilson Castro Silva, se despede de tio em enterro no Cemitério de Ricardo de Albuquerque - Érica Martin / Agência O Dia
Daniele Ferreira Castro, sobrinha do bombeiro Gilson Castro Silva, se despede de tio em enterro no Cemitério de Ricardo de AlbuquerqueÉrica Martin / Agência O Dia
Rio – O bombeiro Gilson Castro Silva, de 58 anos, foi enterrado, nesta quarta-feira (4), no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte do Rio, às 16h. A despedida causou grande comoção à família, que pede que o motorista de ônibus Valdir das Mercês Júnior, de 28 anos, que atropelou e matou Gilson, permaneça preso.
"A gente quer justiça, a gente merece justiça pelo meu tio, pois ele tinha essa fome de justiça. A gente quer que ele (o autor do crime) seja punido, preso, pois foi homicídio doloso, ele arrastou a cabeça do meu tio, ele passou por cima, o meu tio caiu se protegendo e ele foi lá e matou o meu tio", comentou aos prantos Daniele Ferreira Castro, sobrinha de Gilson.
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Ainda no cemitério, Daniele disse que a morte do bombeiro a afetou profundamente: "Eu perdi o meu chão, ele (o autor do crime) acabou com a nossa família, com o nosso ano, com tudo".
A enfermeira acredita que, momento do acidente, Gilson estava tentando parar o ônibus por alguns minutos para pessoas embarcarem.
"É muita revolta porque o meu tio era bombeiro, então acho que ele queria, naquele momento, ele queria organizar para as pessoas poderem entrar no ônibus. O meu tio salvou muitas vidas, ele não merecia um fim desses".
O amigo Robson Lima, de 60 anos, foi da turma de Gilson na CBMERJ. Ele contou que Gilson sempre foi prestativo e amigo: "Um grande amigo, excelente profissional, sempre falamos de amor ao próximo, dignidade, empatia, direito de todos. Falar de Gilson é fácil, sempre foi amigo, prestativo, sempre ajudou a todos, nunca dizia não para ninguém e a sua falta será plenamente sentida por todos", afirmou o bombeiro.
Já Alex Sandero, contador e também sobrinho da vítima, disse que ele era uma pessoa maravilhosa e do bem: "Ele ajudava todo muito, era um cara carismático. Todo mundo se inspirava nele. Filho de uma mulher analfabeta, se formou em matemática, dava aula, entrou nos bombeiros".
Alex ainda comentou que a família está em estado de choque e sem conseguir acreditar no que houve: "O que aconteceu é inacreditável, foi assassinato. O cara assassinou o meu tio, não atropelou. Todo mundo está em estado de choque e sem conseguir acreditar no que aconteceu".
Acidente
O acidente ocorreu por volta das 5h15, na madrugada de domingo (1º), na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, na altura da Praça do Lido, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. O trânsito no local tinha acabado de ser liberado, às 5h. O bairro havia ficado fechado para veículos por conta dos shows do Réveillon.
Um vídeo mostra Gilson parado em frente a um ônibus da linha Troncal 01, que faz o trajeto Praça General Osório x Central. O coletivo estava parado em um ponto de ônibus e Gilson impedia que ele seguisse viagem.
Na sequência, o motorista avançou com o transporte, atropelando e matando o bombeiro. Quando equipes do quartel de Bombeiros de Copacabana chegaram no local encontraram a vítima já em óbito.
Valdir Mercês Júnior foi preso no dia seguinte, 2. A equipe da 12ª DP realizou investigações que incluíram a análise de imagens e depoimentos de testemunhas e apuraram que houve intenção do motorista em atropelar a vítima. Gravações obtidas pelos policiais mostram o momento exato em que o homem é atropelado e arrastado por alguns metros.
A partir das evidências e dos relatos de diversas testemunhas que presenciaram os fatos, a prisão do autor foi pedida no Plantão Judicial da Capital e um mandado de prisão temporária pelo crime de homicídio doloso foi cumprido.
Valdir Júnior chegou a mentir em depoimento à polícia, dizendo que a vítima teria saído da frente do veículo antes de ele continuar viagem.
Em nota, o corpo de Bombeiros se solidarizou com familiares e parentes do militar após a notícia da morte de Gilson.
"A corporação se solidariza com parentes e amigos do militar, que ingressou no CBMERJ em 1991 e atualmente estava na Reserva Remunerada. Psicólogos e assistentes sociais estão à disposição para dar suporte para a família, neste momento de dor. O Corpo de Bombeiros agradece à Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro pela pronta investigação que permitiu a prisão do responsável", disse o comunicado.
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