Daniel Mascarenhas tinha 31 anos, era guia turístico e praticante de corridas de ruaReprodução

Rio - Familiares e amigos do guia turístico Daniel Mascarenhas, 31 anos, morto a facadas no Centro do Rio, protestaram em frente aos Arcos da Lapa, na tarde desta terça-feira (10) por mais segurança na cidade. Daniel reagiu a uma tentativa de assalto após ser abordado por duas mulheres em uma motocicleta, na madrugada da última quarta (4), enquanto voltava do trabalho. Ele ainda tentou sair do local caminhando, mas morreu logo depois, na Praça da República, um pouco antes do Hospital Municipal Souza Aguiar.
No protesto, familiares e amigos se reuniram, todos com blusas brancas, mobilizados pela paz. Em conversa com o DIA, Beatriz Mascarenhas, irmã do guia de turismo, ressaltou que que o ato teve como objetivo dar visibilidade ao perigo que profissionais do ramo sofrem ao sair de seu trabalho durante a noite e madrugada.
A professora de educação física também agradeceu ao trabalho dos agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que prendeu as suspeitas. Para Beatriz, há uma alívio em meio a dor que as mulheres causaram na família. 
"O ato deu visibilidade ao perigo que guias e trabalhadores do Centro correm ao sair dos seus trabalhos pela noite ou madrugada. Queria explicitar o incrível trabalho da equipe de investigação que conseguiu estudar o caso com maestria e efetuar a prisão das duas. Perdemos o meu irmão de maneira brutal, minha família chora, amigos choram e queríamos fazer um ato pacífico, pedindo mais segurança, justiça e homenageando o Daniel Mascarenhas, meu irmão. Eu e minha família nos sentimos aliviados mesmo em meio a dor e esperamos que a Justiça se cumpra. Que o caso do meu irmão não vire apenas mais uma estatística", disse.
Beatriz complementou que o irmão deixou um legado de respeito e amor em tudo que ele se dedicava a fazer. Ela ainda espera o caso de Daniel traga mais segurança para a cidade do Rio.
"Ele deixa um legado de uma pessoa responsável, amante da cidade do Rio apesar de ser paranaense, de respeito ao próximo, obstinação e amor em tudo que ele se dedicava a fazer. Um cara que era protetor e zeloso com a família. Espero mais segurança pelo Centro da cidade e pelo Rio de Janeiro inteiro. Somos uma cidade turística e maravilhosa e não de assaltos e crimes brutais", completou.
Nas redes sociais, a companheira de Daniel, Fernanda Alves, também fez um pedido por mais segurança na cidade.

“Nada trará o nosso Dan de volta, mas essa criminalidade, essa barbárie, não podem continuar!
Ao longo desses últimos dias recebi muitas mensagens de apoio mas, infelizmente, muitos relatos de pessoas que perderam parentes e amigos na mesma condição. Nossos corações e nossas intenções estão unidos na mesma dor e pelo desejo de justiça e segurança para que essa violência não acabe com mais sonhos, mais vidas. Devemos dar um basta a essa violência que tira a nossa liberdade e nos causa tanta dor! O Dan vive em nossos corações e sua morte não será em vão!”, comentou.

Vídeo

Uma câmera de segurança de um estabelecimento comercial próximo registrou toda a ação da tentativa de roubo. Inclusive o momento em que Daniel chegou a entregar uma bolsa e o celular, mas depois reagiu e entrou em luta corporal com as suspeitas.

Mesmo ferido, Daniel chegou a recuperar, pelo menos, a bolsa que levava e se afastou das mulheres. O vídeo ainda mostra testemunhas — um ciclista e três pedestres — que poderiam ter ajudado Silva. Mais à frente, ele chegou a pedir socorro a um taxista, que o ignorou e foi embora. O guia turístico foi encontrado morto na Praça da República, a poucos metros de onde foi esfaqueado, quase em frente ao Hospital Souza Aguiar.

Prisão decretada

A Justiça decretou a prisão temporária das duas suspeitas de matar a facadas um guia turístico Daniel Mascarenhas da Silva, no Centro do Rio. O crime foi filmado por câmeras de segurança. As duas — Marcelly Andressa Damasceno de Albuquerque e Ana Cláudia Pires Mazeto — foram detidas na tarde de sexta-feira, 6, na casa de parentes em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Elas teriam fugido para lá após sofrer agressões pelo tráfico de drogas do Morro da Providência, na Gamboa, no Centro, onde viviam.
Daniel Mascarenhas tinha 31 anos, era guia turístico e praticante de corridas de rua - Reprodução
Daniel Mascarenhas tinha 31 anos, era guia turístico e praticante de corridas de ruaReprodução


A dupla teria irritado os criminosos por chamar a atenção da polícia para a comunidade. Em decorrência da agressão, Marcelly Albuquerque, que tem cabelos loiros e supostamente pilotava a moto, está internada no hospital Lourenço Jorge, com uma fratura no braço e outras escoriações. Ela ainda não tem previsão de alta.

Por sua vez, Ana Claudia Pires ainda está detida na Delegacia de Homicídios. As duas seriam companheiras e estariam praticando assaltos na região há pelo menos três meses. Chegaram a confessar, mas, na presença do advogado, Ana Claudia Pires preferiu ficar em silêncio.