Bombeiros içam a embarcação Caiçara, que naufragou domingo na Baía de GuanabaraDivulgação/ CBMERJ

Rio - O naufrágio de uma embarcação na Baía de Guanabara, na tarde de domingo (5), fez moradores da Ilha do Governador questionarem a segurança de uma prática de lazer bastante conhecida na região. As famílias vítimas do acidente retornavam de um passeio pelas ilhas da Baía quando enfrentaram um forte temporal. Com o mar agitado, a traineira emborcou, deixando seis pessoas mortas e duas desaparecidas. Outras seis pessoas conseguiram sobreviver. 
Moradores da Ilha se mostraram preocupados com o acidente, já que esse tipo de turismo se tornou comum entre eles, principalmente em épocas do ano onde as temperaturas são mais altas. Eles afirmam que não há fiscalização da Capitania dos Portos e nem de outros órgãos municipais e estaduais competentes.
"Lanchas da Capitania dos Portos sempre sucateadas, falta de efetivo para isso. Esse barco que virou pelo que li é um barco de pesca, mas que estava sendo usado pra passeios, assim como vários na Baía De Guanabara. Lotação acima do permitido. A fiscalização nesses barcos de passeio deveria ser rigorosa", afirmou um morador em um grupo da região.
Uma outra moradora contou que ela e toda a sua família têm o costume de fazer o trajeto realizado pelas vítimas do naufrágio, tanto para Paquetá quanto para a Ilha da Jurubaiba, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. O pescador Edson Bruce também denunciou a falta de fiscalização. "Pesco esportivamente na Baía de Guanabara há 35 anos mais ou menos e nunca vi uma fiscalização efetiva".
A falta de fiscalização, somado à alta procura por viagens de barco, também incentivou o crime organizado. Entre as denúncias expostas pelos moradores está a de que traficantes da comunidade do Dendê, na Ilha, Zona Norte do Rio, passaram a cobrar taxas abusivas para comandantes das embarcações poderem realizar a travessia. A prática criminosa denunciada, não chegou ao conhecimento da Subprefeitura das Ilhas. 
Procurada, o órgão informou que "nunca recebeu denúncias de irregularidades envolvendo passeios marítimos na Baía de Guanabara ou tomou conhecimento de que traficantes estivessem coagindo pescadores; até porque esse tipo de denúncia não compete à administração municipal e sim à polícia e/ou à Capitania do Portos do Rio de Janeiro".
A reportagem também procurou a Capitania dos Portos para esclarecer sobre a fiscalização na Baía de Guanabara e como era feito o controle dos passeios turísticos. Até o momento não houve resposta. 
Marinha do Brasil e Polícia Civil instauraram inquéritos para apurar o acidente
A Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro (CPRJ), instaurou um procedimento interno para apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades do naufrágio da embarcação na Baía de Guanabara. A 37ª DP (Ilha do Governador) também investiga o ocorrido e vai ouvir nos próximos dias testemunhas e sobreviventes do acidente.
Na noite de segunda-feira (6), o comandante da embarcação, Marcos Paulo da Silva, foi à distrital para prestar depoimento. Ele perdeu o filho Eduardo Borges da Silva Correia, 14 anos, no acidente. A traineira também já foi retirada da Baía de Guanabara e passou por perícia.