Os corpos da família morta em um desabamento em São Gonçalo foram sepultados com a presença de bombeiros que realizaram as buscas pelos escombrosCléber Mendes / Agência O Dia
Tragédia em São Gonçalo: corpos de família morta em desabamento são enterrados juntos
Bombeiros que realizaram as buscas foram homenageados por amigos e familiares
Rio - O casal Alan Santiago Cabral, de 45 anos, e Rosilene Pereira Gomes Santiago, 34, e a filha Maitê Santiago Pereira, 4, foram sepultados na tarde desta quinta-feira (16), no Cemitério Municipal de São Gonçalo, no bairro Camarão. A família morreu depois do desabamento da casa onde moravam, no bairro Engenho Pequeno, durante a forte chuva que atingiu a cidade na noite de segunda-feira (13).
O clima no cemitério foi marcado por muita tristeza. A família foi velada ao mesmo tempo, com o caixão da criança entre o dos pais. Uma familiar passou mal e teve que ser atendida por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que deu apoio no local.
A cerimônia contou com a presença de bombeiros, que ficaram responsáveis pelas buscas sob os escombros por 53 horas. Os militares, assim como assistentes sociais que acompanham os familiares, entraram emocionados no cemitério. Os responsáveis pelas incessantes buscas foram homenageados por amigos e pela família das vítimas, sendo aplaudidos na saída do cemitério.
O desabamento aconteceu na noite da última segunda-feira (13), durante o temporal que atingiu a cidade de São Gonçalo. A casa em que a família estava, na Rua Adelino Ferreira Brasil, foi atingida por um deslizamento de terra.
Mãe, pai e filha teriam sido surpreendidos pela lama e não conseguiram deixar o imóvel. Cristiane Batista, de 45 anos, prima de Alan, contou que o homem estava fazendo obras na casa na última semana para melhorar a estrutura da residência.
"Foi uma perda devastadora para a família. Alan era muito trabalhador e um excelente pai. Estavam fazendo obras nessa última semana na casa, para melhorar o teto", disse.
Segundo Leonardo Ribeiro, 44 anos, amigo de infância das vítimas, a família só praticava o bem e era muito religiosa. As vítimas costumavam frequentar a Igreja São Judas Tadeu, no bairro do Rocha, onde eram queridos pelos fiéis.
"Eu estudei com o Alan no colégio do início de 2000 até a gente se formar. Era uma pessoa muito boa, religiosa, respeitador. É uma perda enorme. Eram pessoas que só faziam o bem. Eles tinham uma filhinha de quatro anos que era meses mais velha que a minha filha. Uma grande perda. São pessoas que viviam bem com a gente. Tivemos fé, mesmo com as pessoas falando que havíamos perdido eles, de encontrar os três juntos, mas hoje estão os três juntos lá em cima", afirmou Leonardo, emocionado com a partida dos amigos.
Fátima Cristina, amiga da família e vizinha, destacou a alegria que a família transbordava quando confraternizava com as pessoas mais próximas.
"Rosilene era muito engraçada, uma pessoa muito bacana. A família dela tinha um pé de bananeira ali no Rocha, eles levavam banana para mim e meu marido direto. Ela brincava chamando meu marido de gordo, gritava no meu portão. Quando ela e a família chegavam, era uma alegria imensa", disse Fátima.
Com o casal e a criança, chegou a quatro o número de mortes em decorrência do temporal desta semana na cidade, todas no Engenho Pequeno. Roseli de Castro, de 52 anos, foi encontrada sem vida pelo Corpo de Bombeiros na noite de segunda-feira, depois que sua casa desabou, na Rua Antônio Félix. No mesmo bairro, um outra residência desmoronou na Rua Aidea Barreto Couto, e Raíza Dias, 29, foi resgatada com vida. A dona do imóvel e a filha de 13 anos conseguiram se salvar antes da chegada dos militares.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.