Familiares de Hallan Luis Silva Ramos, de 7 anos, que morreu na manhã deste domingo (26) ao cair do apartamento onde morava no Andaraí, estiveram nesta segunda (27) no IML para reconhecer o corpo do menino.Marcos Porto/Agencia O Dia

Rio - Em depoimento na noite desta segunda-feira (27), a mãe de Hallan Luis Silva Ramos Ventura, 7, afirmou que não deixou os três filhos sozinhos, mas com um sobrinho maior de idade e que o pai das crianças deveria ter ido buscá-las. Jéssica Silva Ramos relatou que foi para um passeio na Ilha Grande, na Costa Verde, na manhã em que o menino caiu da janela do apartamento onde moravam, no bairro do Andaraí, Zona Norte do Rio. No momento do acidente, no último domingo (26), a criança estava na residência somente com o irmão mais velho, de 8 anos. 
De acordo com a oitiva de Jéssica, na noite de sábado (25), ela havia combinado com o pai de Hallan e do filho mais velho, identificado apenas como Stephan, para que buscasse as crianças até às 10h do domingo. Entretanto, a mensagem que enviou ao ex-companheiro foi lida, mas não respondida, segundo ela. A mulher pediu, então, que o sobrinho, Luiz Henrique, deixasse o mais novo, de 4 anos, na casa da madrinha dele, levando os irmãos juntos, e que deu dinheiro para o deslocamento deles.
No depoimento, ela contou que não sabia que os filhos tinham ficado sozinhos e que o último contato que fez com Luiz Henrique foi por volta das 9h, quando pediu para que ele desse banho nos primos e esperasse pela chegada do pai deles. Por volta das 11h, Stephan informou à Jéssica que teve um imprevisto, pediu desculpas por não ter ido mais cedo e disse que estava indo buscar Hallan e o irmão. Entretanto até às 12h, quando a mãe soube do acidente, ele ainda não havia chegado ao local. 
Hallan vivia no apartamento com a mãe, os irmãos, a avó materna e o tio Luís Felipe Silva Ramos, pai de Luiz Henrique, mas estava somente com o mais velho quando caiu do segundo andar. O acidente aconteceu depois que ele se desequilibrou, ao tentar atravessar cômodos do imóvel pela janela. O caso é investigado pela 20ª DP (Vila Isabel) como abandono de incapaz com resultado de morte. A avó, o pai do menino e outras seis pessoas, entre elas o policial militar que atendeu a ocorrência, já foram ouvidos na distrital. 
Segundo relatos da síndica, que era próxima à família, e de outros vizinhos, Jéssica costumava deixar os meninos sozinhos para sair com os amigos e ir para baladas aos fins de semana. Em uma publicação nas redes sociais na manhã de segunda-feira (26), a mãe da vítima já havia negado e ressaltou que seu erro foi ter confiado em quem não deveria. "Eu não vou mais vir tocar nesse assunto, só quero que parem de falar o que não sabem. Eu não deixei meus filhos sozinhos, o meu único erro foi ter confiado em quem não deveria. Respeitem minha dor, só eu sei o quanto eu amava e fazia de tudo pelos meus filhos!", disse ela. 
Também nesta segunda-feira, o Conselho Tutelar de Vila Isabel informou que aplicou medidas de proteção para resguardar o irmão mais velho de Hallan, mas não informou com quem está a guarda da criança. Segundo o orgão, não há registro de acompanhamento familiar na Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), o nome de Jéssica consta no Cadastro Único do Governo Federal e ela é beneficiária do Programa Auxílio Brasil. O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) Arlindo Rodrigues, responsável pelo atendimento da região, vai incluí-los no programa de acompanhamento especializado.