Jeff Machado teve o corpo esquartejado depois de ter sido dado como desaparecidoReprodução / Redes Sociais
Testemunhas ajudam a detalhar condutas dos acusados de matar o ator Jeff Machado, segundo acusação
Depoimentos realizados durante audiência de instrução e julgamento nesta segunda-feira (11) serviram para demonstrar a forma como o produtor Bruno Rodrigues e o garoto de programa Jeander Braga atuaram no assassinato
Rio - Os depoimentos das testemunhas, ouvidas na tarde desta segunda-feira (11), durante audiência de instrução e julgamento sobre o homicídio do ator Jeff Machado, ajudaram a detalhar as condutas do produtor Bruno de Souza Rodrigues e do garoto de programa Jeander Vinicius da Silva Braga, que respondem pelo assassinato.
Ao DIA, o advogado Jairo Rodrigues, que representa a família da vítima, destacou que as oitivas desta terça serviram para demonstrar a forma com que os homens atuaram no homicídio. Um dos depoimentos trouxe novas informações sobre o caráter social do produtor, que responde a oito crimes.
"No meu ponto de vista, todas as testemunhas de hoje demonstraram a forma e a conduta de ambos os acusados, diferente da última audiência onde tivemos mais a família. Nós tivemos detalhes nos depoimentos de todas as testemunhas individualizando a participação dos acusados, tanto do Jeander quanto do Bruno. Tivemos um depoimento que mostrou e trouxe aos autos novas informações falando do caráter social do Bruno. Nós verificamos também a testemunha que teve o seu chip utilizado pelos acusados. Hoje tivemos depoimentos mais detalhados. Foi verificado também depoimentos contraditórios com declarações na delegacia, que foram exaustivamente questionados pela acusação e pelos advogados em busca da realidade dos fatos, ou do que se aproxima mais da realidade dos fatos", explicou.
A próxima audiência, segundo o advogado, foi marcada para o dia 26 de janeiro. A expectativa da acusação é que Bruno e Jeander sejam interrogados nesse dia, depois dos depoimentos das testemunhas que faltaram nesta segunda-feira (11) e de um policial civil que foi requerido.
"Já foi marcada a próxima data, onde, de forma clara, o que a gente espera é pronúncia dos dois acusados com o encaminhamento dos dois para a sessão plenária do Tribunal do Júri", completou Jairo.
A sessão desta segunda deu prosseguimento a outra audiência de instrução, que aconteceu em outubro. Na ocasião, prestaram depoimento o inspetor da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) da Polícia Civil Igor Rodrigues Bello, a mãe e o irmão do ator, Maria das Dores Estevam e Diego Machado Costa, respectivamente.
Relembre o caso
O inquérito da morte de Jeff foi concluído em julho pela DDPA e indiciou Bruno por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, asfixia e por impossibilidade de defesa da vítima; ocultação de cadáver; estelionato e tentativa de estelionato; furto; invasão de dispositivo informático; maus-tratos a animais e falsa identidade. Já Jeander por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, asfixia e por impossibilidade de defesa da vítima; ocultação de cadáver e maus-tratos a animais.
De acordo com as investigações da especializada, o ator foi morto em 23 de janeiro e, no dia 27 seguinte, seu desaparecimento foi registrado, depois que familiares e amigos estranharam a falta de informações e contatos feitos por ele. A Polícia Civil conseguiu identificar a participação do produtor e do garoto de programa no crime e, junto com o MPRJ representaram pelas prisões, que foram decretadas pela Justiça do Rio e cumpridas em junho.
O inquérito apontou que o acusado dizia ser produtor de uma emissora de televisão e prometeu um papel em uma novela para Jeff, que pagou R$ 25 mil para conseguir a vaga. O ator não percebeu que estava sendo enganado e, por não conseguir mais manter a farsa, Bruno decidiu matá-lo. Segundo a DDPA, a vítima foi morta por motivo fútil, estrangulada com um fio de telefone, após ser dopada e asfixiada. O corpo foi transportado por Jeander para uma casa em Campo Grande, alugada por Bruno em dezembro de 2022, exclusivamente para ocultar o cadáver da vítima.
Ainda de acordo com as investigações, o corpo foi colocado em um baú do próprio ator, enterrado a dois metros de profundidade e coberto de concreto. Jeander também foi o responsável por abrir o buraco onde o objeto com o cadáver foi sepultado. Para encobrir o assassinato, Bruno usou o celular do artista e se passou por ele para manter contato com a mãe e amigos, além de ter feito publicações falsas em suas redes sociais.
Após o assassinato, os oito cachorros de Jeff foram levados para um centro espírita, no bairro Palmares, em Santa Cruz, na Zona Oeste, onde ficaram em condições de maus-tratos físicos e psicológicos. Depois, os animais foram abandonados na rua, o que despertou atenção dos parentes e amigos da vítima.
O responsável pelo local é o terceiro indiciado no inquérito e não foi preso. Bruno tentou vender o carro de Jeff e fez compras com seu cartões, no total de R$ 7 mil. O produtor e o garoto de programa ainda furtaram telefones, notebook, jaquetas de couro e uma televisão do ator.
Jeander foi preso em 2 de junho, em Santíssimo, na Zona Oeste, durante uma ação da Delegacia de Descoberta de Paradeiros que tentou prender os então suspeitos pelo crime. Já Bruno permaneceu foragido até o dia 15 do mesmo mês, quando foi preso pela Polícia Militar, em um hostel no Morro do Vidigal, Zona Sul, em uma operação conjunta com a Polícia Civil. O produtor ficou escondido no local por cinco dias, usando nome falso, e se preparava para fugir mais uma vez, ao perceber a movimentação dos agentes. Após passarem por audiência de custódia, a Justiça decidiu manter a prisão dos dois autores.
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