Marcelo Shad, advogado da família de Edson Davi, se reuniu com agentes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) nesta quinta-feira (18)Cleber Mendes / Agência O Dia

Rio - A falta de uma câmera na altura do Posto 4 da Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, estaria dificultando o trabalho da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) na busca pelo menino Edson Davi Silva Almeida, de 6 anos. Segundo o advogado Marcelo Shad, que representa a família da criança, agentes estão analisando novamente outras gravações para esclarecer o caso.
A defesa e a família de Davi se reuniram com policiais da especializada na tarde desta quinta-feira (18) em busca de atualizações sobre o desaparecimento. De acordo com Shad, durante a reunião, ele foi informado que não há imagens de um ponto que seria crucial para entender se o menino deixou ou não a praia no dia 4 de janeiro. Atualmente, a principal hipótese da investigação indica que Edson se afogou.
“Nosso objetivo é somar forças com a polícia. Desde o primeiro momento em que nós falamos a respeito disso, nossa intenção é essa: ajudar com o olhar um pouco menos investigativo e um pouco mais humano para a gente conseguir ter uma visão pegando todas as chances. A gente acaba tendo um problema com a retirada dele do local dos fatos. O que se precisa é entender se ele saiu ou não dali. Essa dificuldade é que nós enfrentamos e a polícia também está enfrentando. Simplesmente, não tem a câmera do Posto 4, que seria a com maior possibilidade da gente identificar o que aconteceu com ele. A linha de investigação é: se ele não sai desse quadrante, dessa área, a única saída seria o mar. Então, a polícia decidiu pelo o que nós viemos pleiteando e eles estão fazendo uma reanálise disso. Segundo informações da doutora Ellen Souto, já é a terceira vez que eles estão analisando para tentar sanar todos os furos, qualquer possibilidade, qualquer brecha", explicou.
Outra hipótese analisada aponta sobre uma possibilidade de sequestro. Na última vez que Edson Davi foi visto pela família, ele brincava com duas crianças e um homem estrangeiro próximo à barraca do pai. No dia, Edson dos Santos Almeida, pai do menino, precisou desviar sua atenção para clientes e, ao observar seu filho, percebeu ele havia sumido, juntamente com a família argentina.
Agentes da DDPA analisaram câmeras de segurança da região e constataram que a família saiu da praia sem o menino. O homem prestou depoimento na especializada e destacou que apenas jogou bola com o menino e seus filhos e voltou para o hotel onde estava hospedado. Ele ainda acrescentou que não viu para onde a criança foi após a brincadeira. O argentino deixou de ser suspeito sobre um suposto sequestro.
No decorrer da investigação, a hipótese de afogamento foi ganhando mais força, através de gravações que mostram o menino próximo do mar e relatos de testemunhas. Uma pessoa contou aos investigadores que viu o menino entrar na água três vezes enquanto jogava futebol com outra criança e que o pai chegou a chamar sua atenção por isso.
Também em depoimento, um funcionário da barraca da família disse que pediu que a criança saísse do mar, pois estava revolto e com ondas grandes. Pouco antes do seu desaparecimento, o menino ainda pediu uma prancha de bodyboard emprestada para um barraqueiro, que negou, também por conta das condições da água. Logo depois, Edson Davi seguiu em direção à barraca dos pais.
Apesar do apurado até o momento, a família do menino não acredita que ele tenha se afogado. Em protesto, os familiares solicitaram acesso à câmeras que mostram Edson Davi brincando na região. Segundo Chad, as imagens foram mostradas durante a reunião desta quinta-feira (18) e serviram para dar confiança à família sobre a investigação. O advogado ainda ressaltou que nenhuma hipótese foi descartada.
"Não existe nenhuma linha descartada, mas existe essa linha principal. Eles estão analisando as imagens. Todas as crianças que eles acabam percebendo, eles falaram que tem condição de dar um zoom, de melhoramento de imagem, percebem independente do sexo. São muitas horas de imagem. É uma delegacia que trabalha com o estado inteiro, mas é um caso que eles estão tendo total atenção", disse.
Bombeiros serão chamados para depor
Os bombeiros que trabalharam no dia do desaparecimento de Edson Davi, na Praia da Barra da Tijuca, altura do Posto 4, na Zona Oeste do Rio, serão chamados para depor em breve, de acordo com Shad. Para ele, se houvesse um afogamento na região, os militares teriam que ter avisado.
"Ainda existem testemunhas a serem ouvidas. Testemunhas de destaque são os bombeiros que estavam de plantão no dia. Segundo informações, parece que eles estão abalados com a situação, então estão afastados por conta dessa situação. Eles não foram ouvidos oficialmente, mas teoricamente eles não viram o afogamento, se não teriam que ter comunicado. Eles serão ouvidos. Também acaba tirando um pouco a chance de afogamento porque eram dois bombeiros. Em um contexto geral, a gente sabe que não seria impossível o afogamento, mas a gente precisa sanar todos os pontos", destacou.
A investigação da DDPA segue em andamento. Nesta quinta-feira (18), o Corpo de Bombeiros, assim como os policiais civis, realizam o 14º dia consecutivo de buscas pela região.
*Com colaboração de Cleber Mendes