Da esquerda para direita: Leandro Machado, Cezar Daniel Mondêgo e Eduardo SobreiraReprodução/O DIA

Rio - A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e tornou réus, nesta segunda-feira (29), Cezar Daniel Mondêgo de Souza, Eduardo Sobreira de Moraes e o policial militar Leandro Machado da Silva - os três foram indiciados pela execução do advogado Rodrigo Marinho Crespo, morto a tiros no Centro do Rio em 26 de fevereiro. A decisão é do juiz Cariel Bezerra Patriota, do 3º Tribunal do Júri da Capital. Os três estão presos e vão responder por homicídio qualificado.
Na decisão, o magistrado ainda determinou a suspensão do porte de arma de fogo e o afastamento de Leandro Machado da PM.
O inquérito foi concluído pela Polícia Civil e enviado no dia 24 deste mês ao MPRJ. Segundo as investigações, os três participaram do monitoramento da vítima e se encontraram antes e depois do crime. Um deles ainda forneceu o carro utilizado no dia do homicídio.
"Cezar Mondego e Eduardo Sobreira atuaram, com consciência e vontade quanto ao objetivo, no monitoramento da vítima por dias para garantir o ‘melhor momento’ para a execução do advogado, e Leandro Machado, por sua vez, contribuiu, de forma voluntária e consciente quanto ao propósito, com a locação do veículo utilizado pelos demais denunciados para os atos de monitoramento e vigilância da vítima”, escreveu o juiz na decisão.
Patriota ainda manteve a prisão preventiva dos criminosos, a fim de "impedir que os réus fujam ou atrapalhem as investigações, além de garantir a manutenção da ordem pública".
"O fato foi praticado durante o dia, no coração da Cidade do Rio de Janeiro, próximo à sede da OAB, do MPRJ e da DPERJ, durante horário comercial, em rua com intensão movimentação de pessoas e veículos, extensa quantidade de disparos efetuados (21)”, destacou.
A motivação do homicídio ainda é considerada incerta, mas a Delegacia de Homicídios investiga se ligações da vítima com o setor de apostas online podem ter relação com o crime.
Após as prisões dos três suspeitos, uma nova investigação foi aberta para descobrir se há outros envolvidos no assassinato. No dia 9 de abril, policiais cumpriram mandados de busca e apreensão contra Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho, atual patrono do Salgueiro, e outras nove pessoas, entre elas quatro policiais militares.
O agentes Vitor Hugo Henrichs Mello foi preso em flagrante durante a operação porque estava com um carregador de uma munição de calibre mais alto que o permitido.
Segundo as investigações, ele alugou um veículo na locadora Horizonte 16, a mesma em que foram alugados os carros usados para monitorar o advogado nos dias que antecederam a morte. Vitor Hugo foi lotado no 15º BPM (Duque de Caxias), o mesmo do policial militar Leandro Machado da Silva. Outros dois PMs investigados estavam habilitados a retirar veículos que foram alugados na locadora.
O crime
O advogado Rodrigo Marinho Crespo foi atingido por 21 disparos de arma de fogo, efetuados por um homem encapuzado, por volta das 17h do dia 26 de fevereiro. De acordo com informações da denúncia do Ministério Público, a vítima foi executada por sua atuação profissional “incomodar” a organização criminosa que atuava na exploração de jogos de apostas on-line.
"Esses fatos sugerem fortemente que o grupo responsável pela execução tinha a intenção de enviar uma mensagem clara, um "recado" significativo aos concorrentes, bem como de afronta ao próprio Estado Democrático de Direito. Essa forma de execução demonstra uma ausência de receio da atuação das instituições estatais responsáveis pela persecução penal ou, ainda, a demonstração de infiltração de seus agentes no próprio Estado, com a intenção de capturar a estrutura estatal', diz a decisão judicial.