Alan morreu no dia 31 de maio, após uma discussão com o taxista Eduardo HenryArquivo Pessoal

Rio - Amigos do motoboy Alan Rodrigues Sales, de 22 anos, morto após uma discussão com um taxista em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, fizeram uma homenagem para o rapaz no local onde ele faleceu. Um muro foi pintado com o rosto de Alan na Rua Teodoro da Silva, neste domingo (16). 
O movimento foi organizado pelos companheiros de profissão do jovem. Segundo a família, ele atuava como motoboy há cinco anos e era muito querido no bairro onde morava. O caso aconteceu no dia 31 de maio e está sob investigação da 20° DP (Vila Isabel). Até o momento, o inquérito não foi concluído
"Tivemos a ideia de fazer uma simples homenagem no local do ocorrido para que todos lembrem do Alan. Ele jamais será esquecido, infelizmente não podemos trazer ele de volta, mas essa foi uma forma de fazer ele ser eternizado. Espero que todos que passem por aqui lembrem de quem o Alan foi", disse o amigo Matheus Quintanilha, de 25 anos.
Muro com a arte fica na Rua Teodoro da Silva, em Vila Isabel, onde o jovem morreu - Arquivo Pessoal
Muro com a arte fica na Rua Teodoro da Silva, em Vila Isabel, onde o jovem morreuArquivo Pessoal
Eduardo Henry Nogueira Gripp, investigado por provocar o acidente que matou Alan, disse em depoimento que não socorreu a vítima e fugiu do local porque ficou com medo de ser linchado por grupos de motociclistas. A briga teve início após o motoboy bater com a mochila no retrovisor do táxi e ser perseguido pelo motorista, que alegou querer resolver o prejuízo.
"Eu quero que a justiça seja feita. Eu sei que não vai trazer meu filho de volta, mas ele [taxista] tem que pagar pelo que fez. Ele podia ter parado, podia ter ido pra uma delegacia e comunicado do acidente, mas ele não fez isso. Me dói saber que meu filho não está mais aqui e a pessoa que causou tudo isso está por aí livre", disse a mãe do rapaz, Ana Carla Rodrigues, ao DIA
O suspeito disse que não tinha pretensão de causar nenhum mal a Alan. Imagens disponibilizadas pelo próprio motorista mostram o momento em que o carro dele atingiu a motocicleta pilotada pela vítima. No vídeo, é possível ver que o motoboy sinalizou que ia encostar a moto. Para a família de Alan, o crime teria sido proposital. 
"A família fomentou essa justiça mais ainda a partir do depoimento do senhor Eduardo. É notório que ele se contradiz em tudo. Ele oculta o carro no local em que trabalha e age em diferença a morte do meu primo. O luto é eterno, não vai ter mais o almoço de domingo na casa da nossa vó, esse elemento destruiu nossa família. A vida fica dolorosa", desabafa o técnico em logística Renan Rodrigues, de 37 anos, primo da vítima.
A Polícia Civil informou que a investigação está em andamento na 20ª DP (Vila Isabel). Os laudos periciais estão sendo analisados e agentes realizam outras diligências para a conclusão do inquérito.
Depoimento
O motorista disse à Polícia Civil que, naquela noite, Alan esbarrou com a moto no retrovisor do seu carro, causando um forte impacto. Ele então, disse que passou a seguir o motoboy, piscando o alerta do carro, na tentativa de tentar parar e resolver o prejuízo. Eduardo afirmou que o rapaz teria diminuído a velocidade antes da Rua Emília Sampaio, mas tornou a acelerar logo em seguida, na Rua Teodoro da Silva, cruzando a pista para a direita.
Ele conta que, ao olhar para o retrovisor da direita, a fim de ver se poderia virar na pista sem colidir com outro veículo, Alan diminuiu a velocidade da moto muito rápido, e que ao olhar para a frente novamente, ele tentou frear mas acabou atingindo o veículo do rapaz. O taxista afirmou que, por reflexo, virou o volante para a esquerda, e que não viu o que o rapaz havia caído no chão.
Ainda em depoimento, Eduardo Henry contou que olhou o retrovisor e viu a moto de Alan no chão, que pensou em voltar e ver o que aconteceu, mas que ficou muito "nervoso" com a situação.
Imagens de dentro do táxi
Imagens gravadas de dentro do táxi de Gripp mostram que o motoboy Alan Rodrigues Sales sinalizou que iria parar a moto antes de ser atingido pelo motorista.
O vídeo mostra o momento em que Alan sinaliza para Eduardo que iria encostar a moto na direita. Eduardo então acelera e atinge a vítima. Foi então que o motoboy caiu e atingiu um poste, morrendo no local. As imagens ainda mostram o taxista fugindo do local.
Relembre o caso
Segundo testemunhas, Alan estava trabalhando como entregador quando, após uma discussão, foi perseguido pelo taxista, que provocou o acidente que matou o jovem. O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado, mas encontrou a vítima já sem vida. Depois do crime, que aconteceu no dia 31, policiais do 6° BPM (Tijuca) encontraram o táxi na Rua Barão de Mesquita e, no sábado (1º), motociclistas fizeram um protesto em frente ao estabelecimento.
Jovem e cheio de sonhos, a família conta que Alan era um rapaz simples e querido por todos. Ele morava com os pais e dois irmãos em Vila Isabel, sua renda vinha do trabalho de motoboy, área em que atuava já há cinco anos.
O corpo do motoboy foi sepultado no domingo (2), no Cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi, na Região Central, e a despedida teve fogos, cartazes e pedidos de justiça. O funeral contou com a presença de motociclistas que chegaram ao cemitério com a motocicleta da vítima, que ficou estacionada em frente ao local. O jovem era motoboy há cinco anos e vivia com os pais e dois irmãos em Vila Isabel.