Rafael Wolfgramm era policial militar há 16 anosReprodução

Rio - O policial militar Rafael Wolfgramm Dias, de 37 anos, que morreu depois de ficar cinco dias internado após ser baleado em uma operação no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, será sepultado, na tarde desta terça-feira (18), no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste.
O enterro está marcado às 14h30. Na noite desta segunda-feira (17), o corpo do PM será velado em Itaguaí, na Baixada Fluminense, cidade onde morava. Rafael deixou a mulher e um filho.
Ao DIA, Juan Pablo Wolfgramm, de 40 anos, primo da vítima, contou que Rafael era carinhoso com todos e sempre tentava ajudar as pessoas. O homem tinha o sonho, desde criança, de ser policial militar. 
"Ele era carinhoso com todo mundo. Ele via uma pessoa com problema e ajudava com o que ele podia. Tinha um carinho imenso pela gente aqui de Itaguaí e por sua família. Para mim, ele era um pilar da gente. Quando fazia festa na casa dele, reunia a família toda. Se não fosse ele, a maioria da família ficava longe. Ele que juntava a família sempre. Como pessoa, era um pai exemplar, que levava o filho dele para o futebol. Como pilar para a gente, era um cara que unia a galera. Fazia com que a gente ficasse junto. Era um cara excepcional", destacou.
Militar há 16 anos, o policial foi baleado durante uma operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) no Complexo da Maré, na última terça-feira (11). Ele foi socorrido e encaminhado ao Hospital Federal de Bonsucesso, também na Zona Norte, onde morreu na noite deste domingo (16).
Rafael chegou a passar por cirurgia na unidade e permaneceu em estado grave na maior parte de sua internação. Nas redes sociais, familiares e amigos organizaram campanhas para doação de sangue, além de mobilizarem correntes de oração pela recuperação do agente.
Flamenguista, nas redes sociais ele colecionava fotos com o filho e amigos. Orgulhoso da profissão, o PM também já atuou no Programa Segurança Presente de Itaguaí.
Ainda nas redes, amigos lamentaram a morte. "Você foi forte, nós vimos o quanto você estava ali, lutando pela sua vida, com anseio de voltar para casa. Deus é fiel e sabe de todas as coisas, sei que você recebeu nossas orações naquele hospital, sei que Deus estendeu os braços a você. Lembraremos de você assim, um homem forte e guerreiro! Te conheço desde criança, e sei o cara amigo e parceiro que você é. Um cara alegre, que ia treinar todo dia e me dava oi, um cara que tinha amor pela profissão, que amava a vida", disse uma amiga.
"Descanse em paz guerreiro! Lutou muito, mas infelizmente perdemos o guerreiro do Bope baleado no Complexo da Maré. Meus sentimentos aos familiares e amigos. Infelizmente começamos o dia com a triste notícia da partida do companheiro do Bope baleado no Complexo da Maré", comentou outro.
Ataque aos PMs
Segundo a Polícia Militar, a operação tinha o objetivo de localizar e prender criminosos envolvidos em roubos de veículos nas vias expressas na região do Complexo da Maré. Na ocasião, agentes do Bope realizavam patrulhamento em busca do esconderijo das lideranças do grupo criminoso, quando foram atacados por homens armados que atiraram contra a equipe. O sargento Jorge Galdino Cruz, de 32 anos, morreu na ação, enquanto o Wolfgramm e outro agente ficaram feridos.
De acordo com investigações, o ataque aos policiais foi ordenado por líderes do Terceiro Comando Puro (TCP), que domina parte das comunidades da Maré. Na ocasião, os agentes ficaram encurralados em uma casa, onde o sargento Jorge Galdino foi baleado e morto. Um áudio que circulou nas redes sociais revelou o momento do ataque: "Três canas ali, vamos quebrar a casa com eles dentro. Não vai sair da casa, filha da p*", gritou um dos criminosos.

Entre as lideranças do tráfico à frente da ordem está Thiago da Silva Folly, o TH. Ele é considerado também um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro, tendo 16 mandados de prisão expedidos por homicídios, assaltos e tráfico de drogas. Os policiais do Bope conseguiram chegar bem próximo do esconderijo usado por TH na Comunidade do Timbau, na Maré, no dia da operação.

Ao decorrer das investigações, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) identificou dois suspeitos diretamente responsáveis pelo ataque aos agentes do Bope, sendo Ronald de Souza Gomes, conhecido como Titi ou Titio do Adeus, e Luciano Candido Crispim, o Pitbull. Eles são suspeitos de atuarem como seguranças de líderes da facção. Titi, por exemplo, responde diretamente ao TH, que foi identificado como o autor do áudio gravado durante o ataque.
Na operação, 23 suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas na região foram presos e um adolescente foi apreendido. Entre os detidos, sete são naturais de Minas Gerais, dos quais cinco estavam foragidos da Justiça. Ainda durante a ação, um ônibus foi incendiado e uma carreta foi atravessada em vias importantes que margeiam as comunidades do Complexo da Maré, como a Avenida Brasil e as Linhas Vermelha e Amarela, provocando a interdição temporária do trânsito.
Ao todo também foram apreendidos 11 fuzis, uma metralhadora antiaérea, cinco pistolas, uma espingarda calibre .12, seis carros roubados, duas motos e drogas. Segundo a PM, um esconderijo usado por traficantes do TCP também foi localizado no interior da comunidade. As drogas e os armamentos foram encaminhados à 21ª DP (Bonsucesso). Os veículos recuperados foram rebocados até o pátio do 22° BPM (Maré).