Arma e outros materiais da milícia foram apreendidos pela Draco em casa de NavalReprodução

Rio - A Polícia Civil apreendeu, na tarde desta quinta-feira (27), uma arma, um carro roubado e adulterado, uniformes parecidos com os das forças de segurança e materiais relacionados à contabilidade da milícia, em uma casa do miliciano Paulo David Guimarães Ferraz Silva, conhecido como Naval, em Inhoaíba, na Zona Oeste do Rio. O criminoso é apontado como novo líder da maior milícia do estado depois que Rui Paulo Gonçalves Estevão, o Pipito, morreu em confronto.
A ação realizada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e pela Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) tinha como objetivo prender Naval. Durante as buscas pela Zona Oeste, o miliciano não foi encontrado. No entanto, os agentes conseguiram apreender materiais da milícia em uma residência na comunidade Vilar Carioca. 
As investigações seguem em andamento com o objetivo de identificar e responsabilizar outros membros do grupo que atuam na região.

Sucessor da milícia
Segundo a Draco, Naval assumiu a liderança da maior milícia do estado, que era comandada por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, - preso desde dezembro de 2023 - uma semana após a morte de Pipito, ocorrida no último dia 7 na comunidade do Rodo, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.
O apelido de Paulo David tem relação com seu passado como fuzileiro naval, pois ele ingressou na Marinha em 2012. Apesar disso, sua atuação na milícia é antiga, mesmo após deixar a corporação. Investigações indicam que ele domina as comunidades do Barbante, Vilar Carioca, Antares e Rola, consideradas estratégicas para a milícia da Zona Oeste.
Em 2023, Naval foi denunciado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) por envolvimento no homicídio do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, assim como Zinho e outros nomes conhecidos da milícia como Rodrigo dos Santos, o Latrell, que está preso, Matheus da Silva Rezende, o Faustão, e Alan Ribeiro Soares, o Nanan, ambos mortos. Todos viraram réus pelo crime.
De acordo com a denúncia do MPRJ, Paulo foi um dos autores da execução de Jerominho e de seu cunhado, Maurício Raul Atallah, em plena luz do dia. Os dois foram baleados em agosto de 2022, na Estrada Guandu Sapé, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O ex-vereador morreu logo após os disparos, mas Maurício passou um mês internado no Hospital Municipal Rocha Faria antes de falecer.
A execução, conforme indicado pelas investigações, foi motivada por uma suposta tentativa por parte de Jerominho de retomar o comando da milícia que atua na Zona Oeste.
De acordo com o MPRJ, o ex-vereador foi fundador da milícia privada conhecida como Liga da Justiça, responsável pela prática de homicídios e extorsões, em razão da cobrança de taxas de segurança a comerciantes e moradores da Zona Oeste, principalmente no bairro de Campo Grande.
No entanto, após perder sua liderança sobre as atividades da milícia que ajudou a criar, em razão do longo período em que esteve preso (entre os anos de 2007 e 2018), ao ter a liberdade restabelecida, traçou um plano para retomar o controle da organização criminosa, que na época do crime, estava sendo controlada por Zinho.