Paulo David foi fuzileiro navalDivulgação

Rio - Após quase uma semana da morte de Rui Paulo Gonçalves Estevão, mais conhecido como Pipito, a maior milícia do estado já pode ter um novo nome no comando. Investigações apontam que Paulo David Guimarães Ferraz Silva, o Naval, assumiu como líder da organização criminosa. O miliciano, que também é suspeito de envolvimento na morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, passa a assumir a liderança do grupo de Luiz Antônio Braga, o Zinho, preso desde dezembro do ano passado.
Ao DIA, o delegado João Valentim, titular da Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/IE), contou que as investigações da especializada apontam para a chegada de Naval no posto de líder da quadrilha, embora o posto tenha sido ocupado recentemente. Valentim ainda explicou que as investigações seguem em andamento pois a liderança esteja em plena mudança e o cenário seja instável.

O apelido de Paulo David tem relação com seu passado como fuzileiro naval, já que ingressou na Marinha em 2012. Apesar disso, após deixar a corporação, sua atuação na milícia é antiga. Em 2023, ele chegou a ser denunciado pelo Ministério Público (MPRJ) por envolvimento na morte de Jerominho junto com Zinho e outros nomes conhecidos da milícia como Rodrigo dos Santos, o Latrell, que está preso, e Matheus da Silva Rezende, o Faustão, e Alan Ribeiro Soares, o Nanan, ambos mortos em 2023.

Segundo a denúncia do MPRJ, Paulo foi um dos autores da execução de Jerominho e de seu cunhado, Maurício Raul Atallah, em plena luz do dia. Os dois foram baleados em agosto de 2022, na Estrada Guandu Sapé, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O ex-vereador morreu logo após os disparos, mas Maurício passou um mês internado no Hospital Municipal Rocha Faria antes de morrer.

A execução, segundo investigações, foi motivada por uma suposta tentativa por parte de Jerominho de retomar o comando da milícia que atua na Zona Oeste.

De acordo com o MPRJ, o ex-vereador foi fundador da milícia privada conhecida como Liga da Justiça, responsável pela prática de homicídios e extorsões, em razão da cobrança de taxas de segurança a comerciantes e moradores da Zona Oeste, principalmente no bairro de Campo Grande. No entanto, após perder sua liderança sobre as atividades da milícia que ajudou a criar, em razão do longo período em que esteve preso (entre os anos de 2007 e 2018), ao ter a liberdade restabelecida, traçou um plano para retomar o controle da organização criminosa, que na época do crime, estava sendo controlada por Zinho.
Segundo relatos, Naval domina as comunidades do Barbante, Vilar Carioca, Antares e Rola, consideradas estratégicas para a milícia da Zona Oeste.
Morte de Pipito
O miliciano Rui Paulo Gonçalves Estevão morreu após ter sido baleado durante um confronto com policiais civis no último dia 7, na Favela do Rodo, em Santa Cruz, na Zona Oeste. Pipito, como era conhecido, era apontado como o sucessor de Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, liderança do grupo paramilitar que atua na região.
Depois do confronto, três ônibus foram sequestrados e utilizados como barricadas na Avenida Antares, em Santa Cruz. Um deles foi incendiado na altura do Caminho do Congo. De acordo com a Rio Ônibus, os coletivos operavam nas linhas 756 e LECD86.
A prática é comum por criminosos que integram a milícia de Zinho. O próprio Pipito foi o responsável por coordenar o ataque de grandes proporções que resultou em 35 ônibus queimados na Zona Oeste, em outubro de 2023. O incêndio dos coletivos aconteceu em represália à morte de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, sobrinho de Zinho.
Prisão de Zinho
O miliciano se entregou na Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio, no centro da capital, após uma negociação entre seus advogados, policiais federais e a Secretaria de Estado de Segurança Pública. Foragido desde 2018, o miliciano tinha, pelo menos, 12 mandados de prisão expedidos pela Justiça.