Passageiros do ônibus que fazia o trajeto Alcântara x Candelária foram assaltados no Centro do RioArquivo/Agência O Dia
Mais um ônibus é sequestrado e levado para a Maré; passageiros foram agredidos e assaltados
Criminosos abordaram o coletivo que fazia linha Alcântara x Candelária por volta das 20h desta sexta-feira (4)
Rio - Passageiros de um ônibus da Viação Fagundes, que fazia a linha 1721D (Alcântara x Candelária), foram sequestrados e assaltados por três criminosos armados, por volta das 20h desta sexta-feira (4), no Centro do Rio. O modus operandi dos bandidos foi semelhante ao usado em assalto a ônibus ocorrido um dia antes, na Avenida Brasil. A Polícia Civil investiga mais esse crime.
Segundo uma das vítimas, os assaltantes entraram no ônibus e anunciaram o assalto. O trio, que aparentava ser composto por menores de idade, obrigou o motorista a dirigir em direção ao Complexo da Maré, na Zona Norte. No caminho, os passageiros foram agredidos com socos, coronhadas e tiveram seus pertences roubados. Ainda segundo o relato, os criminosos chegaram a fazer disparos dentro do ônibus para aterrorizar os passageiros. A ação durou cerca de 20 minutos.
"No ponto da Leopoldina, sentido ponte Rio-Niterói, eles anunciaram o assalto. Com o ônibus ainda parado no ponto, eles entraram pulando a roleta. Um ficou na roleta, armado, ameaçando todo mundo, enquanto os outros dois faziam terrorismo físico e psicológicos. Muito terrorismo. Uma jovem que estava no primeiro banco do ônibus, perto de mim, do nada sofreu um coronhada na testa e começou a sangrar", disse o passageiro ao DIA. Esta testemunha, inclusive, conta que levou dois socos de um assaltante. Ainda segundo ele, os três bandidos aparentavam extrema agitação e diziam o tempo todo que não tinham nada a perder.
No caminho até o Complexo da Maré, o coletivo passou na frente de uma viatura da Polícia Militar, na altura do Viaduto do Gasômetro, mas os passageiros não conseguiram sinalizar para os agentes sobre o crime. Ao chegarem no destino ordenado pelos bandidos, o ônibus e os passageiros foram libertados.
O motorista passou mal e precisou ser amparado por alguns passageiros. "Quando os bandidos desceram, o motorista passou mal e pedimos para ele encostar o ônibus, pois estava muito traumatizado e chorando copiosamente. Foi quando avistamos uma viatura da PM e pedimos auxílio. Fomos escoltados até a 21ª DP (Bonsucesso) para fazer a ocorrência. Depois de um tempo na unidade, uma policial nos orientou que o melhor era fazer o boletim pela internet, pois ia demorar muito, já que o ônibus estava lotado", contou a testemunha.
De acordo com a 21ª DP (Bonsucesso), o caso está sendo investigado. Uma outra ocorrência sobre este crime foi registrada por passageiros na 17ª DP (São Cristóvão). Procurada, a Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro (Semove) ainda não se pronunciou sobre o ocorrido.
Em três meses sindicato realizou 128 atendimentos psicológicos
Com a violência atingindo um número cada vez maior de motoristas de ônibus, aumenta também o número de profissionais que pedem para trocar de linhas, principalmente daquelas que cortam a Avenida Brasil, ou pedem demissão. De acordo com Sebastião José, presidente do Sindicato dos Rodoviários do município do Rio de Janeiro, os motoristas não suportam mais a insegurança que atinge a categoria diariamente e, como já não bastasse o elevado número de assaltos nos coletivos, eles convivem agora com os sequestros dos ônibus por marginais para serem usados como barricadas.
"Além do fator segurança, o profissional é atingido principalmente no lado psicológico, já que o nível de insegurança é tão grande que está afetando não só o rodoviário como também seus familiares. Para se ter uma ideia do trauma psicológico que a violência vem trazendo aos profissionais, entre 2022 e 2023 mais de 230 profissionais pediram afastamento das empresas devido à violência; e infelizmente esse número tende a aumentar", disse Sebastião.
O presidente destacou ainda que desde junho deste ano o sindicato disponibilizou em sua sede de Campo Grande, na Rua Jaguaruna, 283, na Zona Oeste, serviço psicológico para os profissionais e seus familiares. Nesse período já foram realizados 128 atendimentos.
"Inicialmente começamos a atender uma vez por semana, às terças-feiras, mas a procura aumentou assustadoramente. Diante disso, decidimos disponibilizar também às quintas-feiras. O mais interessante é que a maioria dos atendimentos são marcados para a mulher, pai, mãe e até os filhos dos motoristas, comprovando que a violência atinge toda a família", disse.
Para realizar o agendamento da consulta com o psicólogo, o interessado deve ligar para o número (21) 2413-1803 ou (21) 2411-3714, de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h.
Outros casos recentes
No dia 11 de setembro, passageiros de um ônibus da empresa Pégaso foram assaltados na Avenida Brasil, altura da Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio. Segundo relatos, três criminosos entraram no coletivo, que fazia o trajeto Centro X Santa Cruz, e levaram os pertences das vítimas. Testemunhas afirmam que o trio invadiu o ônibus no momento em que dois passageiros desciam.
Dez dias antes, passageiros de um ônibus da linha 321 (Bancários-Castelo) viveram momentos de terror durante um assalto na Linha Vermelha. Na ocasião, quatro criminosos embarcaram em um ponto na Cidade Nova e sentaram em locais diferentes do coletivo, como se fossem passageiros. No entanto, quando o ônibus, da Viação Ideal, passava pela Linha Vermelha, altura de São Cristóvão, o grupo obrigou o motorista a apagar as luzes e dirigir devagar. Em seguida, os bandidos, que usavam casaco e boné, roubaram celulares e outros pertences de diversos passageiros. Pouco depois, ordenaram que o motorista parasse na via expressa para que pudessem desembarcar.
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