Pacientes infectados são atendidos na Fundação Oswaldo CruzPedro Teixeira/ Agência O DIA

Rio - Um dos seis pacientes infectados com HIV durante transplantes de órgãos no Rio precisou ser internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) no domingo (20). A Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) informou que acionou a linha de emergência exclusiva para as pessoas afetadas no caso. O homem, que teve o fígado transplantado, foi levado ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Zona Norte do Rio. 
Além do atendimento emergencial, o protocolo também inclui acompanhamento ambulatorial e psicológico no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, para os pacientes e familiares vítimas do erro que culminou na infecção dos transplantados. A SES acrescentou que uma junta de especialistas está à disposição permanente dos médicos para discussões e aconselhamento técnico.
A investigação da Polícia Civil aponta que o laboratório responsável pelos laudos de doadores, o PCS Saleme, relaxou o controle que deveria ser diário e passou a ser semanal para a detecção do vírus. A empresa contratada pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes no estado emitiu laudos negativos para HIV de dois doadores, que na verdade eram soropositivos. O estabelecimento foi interditado e teve o serviço suspenso. Com isso, os testes passaram a ser realizados pelo Instituto Estadual de Hematologia do Rio (Hemorio).
As análises preliminares do Hemorio constataram não haver mais nenhuma amostra de sangue de doador de órgãos infectada por HIV. No entanto, considerando o rigor que o processo exige, a direção da unidade decidiu fazer uma segunda bateria de testes com cada uma das amostras para que não haja qualquer tipo de dúvidas. Os laudos definitivos serão emitidos ao final dessa sessão de exames, que está em andamento nesta segunda-feira (21).

Desde o início das investigações, a Polícia Civil prendeu cinco pessoas. Walter Vieira, sócio do PCS Saleme, e Ivanilson Fernandes dos Santos, técnico do laboratório, foram detidos durante a Operação Verum na segunda-feira (14). No dia seguinte, Jacqueline Iris Barcellar de Assis, auxiliar administrativa do estabelecimento, se entregou na Cidade da Polícia, em Benfica.
A prisão de Cleber de Oliveira Santos se deu na quarta-feira (16), após o biólogo desembarcar de um voo de João Pessoa (PB) no Aeroporto do Galeão. No domingo (20), os policiais prenderam Adriana Vargas dos Anjos em Belford Roxo. Ela é coordenadora técnica do PCS Saleme e teria dado a ordem para economizar no controle dos testes feitos pelo laboratório.

Os envolvidos são suspeitos de diversos crimes como associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e infração sanitária.
Com o avançar das investigações, a Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) instaurou outro inquérito para investigar o processo de contratação do Laboratório PCS Saleme. Esse trabalho policial conta com apoio do Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD) da Polícia Civil e da Controladoria-Geral do Estado.