Lourival Fatiga deu versão do assassinato em audiênciaReprodução/ Agência O DIA
Laudo de necropsia aponta que Anic Herdy morreu por estrangulamento
Exame não determinou a data da morte
Rio - A advogada Anic Herdy, 55, desaparecida em 29 de fevereiro, morreu por asfixia mecânica. O laudo de necropsia do Instituto Médico Legal (IML) identificou que a causa da morte foi estrangulamento e apontou o instrumento usado no crime: uma abraçadeira de plástico.
O corpo da vítima foi encontrado no dia 25 de setembro, após o assassino confesso, Lourival Fatiga, revelar que o havia ocultado em sua própria casa, em Teresópolis, na Região Serrana do Rio.
O documento do IML, impresso em 19 de outubro, registra que a abraçadeira de plástico branco, conhecida popularmente como "enforca-gato", estava fortemente atada ao pescoço de Anic. Os peritos não encontraram outros sinais de violência. "Nos demais segmentos corporais, não foram identificadas outras lesões de natureza violenta", diz o texto.
Uma algema também foi examinada, mas o objeto não estava acoplado à vítima. A advogada usava aliança com o nome do marido inscrito: "Benjamim 750".
Por conta das condições em que o corpo estava, o exame não se mostrou conclusivo sobre a data de morte. O laudo conclui apenas que o cadáver estaria enterrado há pelo menos seis semanas.
Autor do crime, o técnico de informática havia afirmado que a causa da morte teria sido um soco no pescoço, o que não se confirmou. A defesa de Lourival Fatiga, no entanto, argumenta que o réu narrou, em colaboração espontânea, que houve sangramento excessivo da vítima e que ele apertou um "fitilho" na região para tentar estancar o sangramento.
Na audiência, Lourival descreveu que após os dois chegarem à suíte do motel, Anic teria pedido que ele "abusasse dela", em uma fantasia erótica. O réu alegou que naquele momento "perdeu a cabeça" e agrediu a advogada.
"Quando ela falou aquilo, eu me ceguei. Infelizmente, eu perdi a cabeça ali. Fui pra cima dela. Segurei o cabelo e dei um soco muito forte [no pescoço], que ela caiu com a cabeça no chão. Em seguida, começou a urinar e a sair muito sangue da boca. Desci no carro, que eu tinha uma caixa de ferramenta. Peguei um fitilho, botei no pescoço dela e apertei um pouco pra ver se parava de sair sangue. Uns dez minutos depois, cessou. Tirei o lençol e comecei a limpar tudo", narrou Lourival em audiência.
Antes da agressão, segundo o relato do réu confesso, a vítima teria pedido para estar vendada e algemada durante a relação sexual. A venda usada na cena do crime foi encontrada em uma diligência da Polícia Civil na segunda-feira (21). Os investigadores recolheram itens como objetos de Anic e o lençol usado no homicídio. O material estava próximo ao corpo.
A Polícia Civil realizou, na quarta-feira (23), a reprodução simulada do homicídio. A reconstituição começou em um shopping de Petrópolis, onde Anic foi vista pela última vez. Em seguida, as equipes e o réu foram ao Motel Fujiama, no distrito de Itaipava, em que o assassino afirma ter matado a vítima.
O laudo pericial da reprodução simulada será concluído e emitido em até 30 dias. A polícia vai confrontar a versão do réu com as provas técnicas para entender a dinâmica da morte. A simulação terminou na casa de Lourival, local da ocultação do cadáver.
A advogada do réu afirma que, durante a reprodução simulada, o técnico de informática reafirmou o uso da abraçadeira. "O encontro de sangue no lençol com a marca do hotel, arrecadado no local da ocultação do corpo, confirma integralmente a versão do acusado quanto ao modo de execução do crime de homicídio", diz em nota.
Na noite do desaparecimento de Anic Herdy, o marido da vítima, Benjamim Herdy recebeu mensagem de texto em seu celular anunciando o sequestro da advogada e a exigência de R$ 4,6 milhões. O resgate foi pago no dia 11 de março, mas a vítima nunca voltou para casa. A filha da advogada acionou a polícia no dia 14 de março.
Além de Lourival, uma mulher está presa como corré: Rebecca Azevedo dos Santos, com quem ele mantinha relacionamento. A defesa tenta a soltura de Rebecca, assim como os filhos do assassino confesso tiveram a prisão revogada.
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