Kauan Galdino Florêncio Pereira tem quadro gravíssimo após ser baleado na cabeçaReprodução/Redes Sociais

Rio - Horas antes de ser baleado na cabeça, em Queimados, na Baixada Fluminense, Kauan Galdino Florêncio Pereira, de 18 anos, comemorava a realização de um sonho. Segundo o pai do jovem, após o alistamento e preparação ao longo do ano, o filho recebeu a convocação para paraquedista do Exército. A vítima foi atingida após pisar no pé de um traficante, durante um baile na comunidade São Simão. Na tarde desta sexta-feira (3), o hospital informou que o jovem não resistiu e teve morte cerebral.

Segundo o mecânico e motorista de aplicativo, Renato Pereira, o filho passou a virada do ano com familiares em casa, em Queimados, e recebeu à 0h a confirmação do batalhão onde ficará lotado. "Era o dia que o meu filho estava mais feliz, porque recebeu a notícia do sonho dele (…) Ela já tinha se alistado, fez todos os trâmites para entrar no Exército, todas as provas, estava só esperando o batalhão que ele ia 'cair'. Meia-noite, 'caiu' o batalhão e o dia que ele ia se apresentar, meu filho feliz, começou a dançar, brincar", lembrou o pai.

Por volta das 3h, Kauan decidiu ir para a comunidade onde um tio materno morava e o baile acontecia. Cerca de meia hora depois, Renato, que havia pedido para o jovem não sair de casa, foi acordado com a notícia de que ele havia sido baleado e estava na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Queimados. O 24º BPM (Queimados) foi acionado e, segundo relatos, o crime aconteceu quando a vítima pisou no pé de um traficante conhecido como "Testa de Ferro" e eles também teriam se empurrado e trocado tapas, até que o jovem foi atingido na cabeça.

"Um pisão no pé vai tirar a vida de um jovem sonhador? Meu filho cheio de vida, não podiam ter feito isso com meu filhinho, não. Meu filho é um menino de ouro, só me deu orgulho, todo pai queria ter um filho desse", desabafou Renato. 
Nesta sexta-feira (3), familiares da vítima estiveram no Hospital Geral de Nova Iguaçu, também na Baixada Fluminense, após serem informados que Kauan estava em coma profundo e souberam que Kauan teve morte cerebral confirmada na noite de quinta-feira (2). Em um boletim divulgado na manhã de hoje, a unidade havia informado que ele seguia internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) com quadro gravíssimo e que passou por exames clínicos e de imagem para avaliar funções vitais e neurológicas.

Além do sonho com a carreira militar, o jovem era atleta desde os 11 anos e conquistou diversos títulos como jogador de futebol nas categorias de base. O último time em que atuou foi o Atlético Barra da Tijuca, pelo qual conquistou um campeonato em 2021. Nas redes sociais, o clube lamentou o caso e se solidarizou com parentes e amigos da vítima.
"O jovem de 18 anos atuava como goleiro e se destacou no título da Taça Santos Dumont sub 15, em 2021, ao pegar dois pênaltis e converter um na grande decisão. O Clube se solidariza com os familiares e amigos do nosso eterno Cria do Barra e deseja força neste momento", diz a nota.

Muito emocionado, o pai declarou que o jovem foi vítima de uma "covardia" e pediu por justiça. "Uma covardia que fizeram com ele, meu filho nunca fez mal a ninguém, é um menino de ouro. Por que fizeram isso com o meu filho? Meu filho era quieto, 'bobão', só tinha tamanho. Meu filho não era de sair, era de ficar em casa com a mãe. Eu quero justiça, quero quem fez isso com o meu filho pague, essa covardia que fizeram com ele". O caso é investigado pela 55ª DP (Queimados), que apura a autoria do crime.

*Colaborou Renan Areias