Kauan Galdino Florêncio Pereira foi baleado em desentendimento com traficante em QueimadosReprodução/Redes Sociais
Jovem baleado na cabeça por pisar no pé de traficante é enterrado em Queimados
Kauan Galdino Florêncio Pereira, de 18 anos, ficou dois dias internado até ter a morte cerebral confirmada
Rio - O jovem Kauan Galdino Florêncio Pereira, de 18 anos, que morreu após ser baleado na cabeça por pisar no pé de um traficante em um baile funk, foi enterrado, na tarde deste domingo (5), no Cemitério Jardim Envida Rio, em Queimados, na Baixada Fluminense.
A vítima teve a morte cerebral confirmada pelo Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI) na última sexta-feira (3) depois de ficar dois dias internado. Kauan foi atingido na cabeça por um tiro na madrugada do dia 1º de janeiro, na comunidade São Simão, em Queimados. Segundo relatos, o jovem pisou acidentalmente no pé do traficante Márcio Lucas Rosa de Sousa, conhecido como Testa de Ferro, o que motivou o disparo.
A família de Kauan autorizou a doação de seus órgãos, realizada neste sábado (4). Uma equipe do programa RJ Transplantes, da Secretaria de Estado de Saúde (SES), esteve no hospital e captou o fígado e os rins da vítima, se tornando a primeira doação a ser realizada no Estado do Rio neste ano.
Em uma postagem nas redes sociais neste domingo (5), uma tia de Kauan lamentou a morte do sobrinho e o valorizou a atitude dos familiares de doar os seus órgãos.
"Sem acreditar. Durmo e acordo pensando que isso tudo vai ser um pesadelo. Esse cara não deu nem uma chance pro meu sobrinho e tirou a vida dele. Hoje, você não tem o direito de ir e vir. Você não pode mais pedir desculpas porque a sua vida é tirada. Por que isso, Senhor? Ele era um anjo e um menino de ouro. Esse homem acabou com a família Florêncio, acabou com os sonhos do meu sobrinho. Essa dor não vai passar, mas sabemos que vai ter alguém que vai levar um pedaço do nosso Kauan. Foi um gesto lindo", escreveu a tia.
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), que identificou o suspeito e realiza buscas por seu paradeiro. Boatos nas redes sociais dizem que Márcio teria sido morto pelo "tribunal do tráfico" local, mas a Polícia Civil negou as informações e procura o criminoso.
Qualquer informação pode ser enviada, de forma anônima, ao Disque Denúncia pela central de atendimento ou WhatsApp, ambos no telefone (21) 2253-1177.
Jovem iria para o Exército
Kauan havia se preparado durante o ano passado para ingressar no Exército em 2025. Segundo o mecânico e motorista de aplicativo, Renato Pereira, pai do jovem, o filho recebeu a confirmação do batalhão onde ia ficar lotado na virada do ano. Ele foi convocado para ser paraquedista horas antes de ser baleado.
"Era o dia que o meu filho estava mais feliz, porque recebeu a notícia do sonho dele (…) Ela já tinha se alistado, fez todos os trâmites para entrar no Exército, todas as provas, estava só esperando o batalhão que ele ia 'cair'. Meia-noite, 'caiu' o batalhão e o dia que ele ia se apresentar, meu filho feliz, começou a dançar, brincar", lembrou o pai.
Além do sonho com a carreira militar, o jovem era atleta desde os 11 anos e conquistou diversos títulos como jogador de futebol nas categorias de base. O último time em que atuou foi o Atlético Barra da Tijuca, pelo qual conquistou um campeonato em 2021.
"Uma covardia que fizeram com ele, meu filho nunca fez mal a ninguém, é um menino de ouro. Por que fizeram isso com o meu filho? Meu filho era quieto, 'bobão', só tinha tamanho. Meu filho não era de sair, era de ficar em casa com a mãe. Eu quero justiça, quero quem fez isso com o meu filho pague, essa covardia que fizeram com ele", finalizou Renato.
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