O deputado Rodrigo Bacellar foi preso pela PF nesta quarta (3)Thiago Lontra / Alerj
Alerj deve votar sobre a manutenção da prisão de Bacellar na próxima segunda
Presidente da Casa foi alvo de ação contra vazamento de informações da investigação que prendeu TH Joias
Rio - A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) vai se reunir nesta sexta-feira (5), provavelmente à tarde, para deliberar sobre um projeto de resolução a respeito da manutenção ou não da prisão do deputado e presidente da Casa Rodrigo Bacellar (União Brasil), assim como o seu afastamento do cargo. A convocação extraordinária, assinada nesta quinta (4) pelo presidente em exercício Guilherme Delaroli (PL), será publicada em edição extra do Diário Oficial.
O relatório deverá ser levado ao Plenário da Alerj na segunda-feira (8), quando todos os 70 deputados poderão votar a favor ou contra a continuidade da prisão de Bacellar. Por ora, ele segue detido em uma cela de apenas 2 m² na delegacia de flagrantes da Polícia Federal, na zona portuária do Rio.
Entenda a prisão
De acordo com as investigações, Bacellar é suspeito de ter vazado informações de uma operação que mirava uma quadrilha especializada em tráfico internacional de armas e drogas, corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro. Entre os alvos estavam Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, preso em setembro; um delegado da Polícia Federal; policiais militares; um ex-secretário municipal e estadual; e uma liderança do Comando Vermelho (CV) no Complexo do Alemão, na Zona Norte.
"Os fatos narrados pela Polícia Federal são gravíssimos, indicando que Rodrigo Bacellar estaria atuando ativamente pela obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo estadual, capazes de interferência indevida nas investigações da organização criminosa", escreveu Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), na decisão que determinou a prisão do presidente da Alerj.
No interior do carro em que Bacellar se apresentou à PF nesta quarta, para cumprimento de mandando de prisão preventiva, agentes encontraram três celulares e R$ 90,8 mil em espécie. Interrogado sobre a quantia, o deputado optou por se manter em silêncio.
TH Joias tinha chamava Bacellar de '01'
A Polícia Federal apresentou provas que apontam uma relação estreita entre o parlamentar e TH Joias, preso por negociar armas para o Comando Vermelho (CV). Em trocas de mensagens obtidas pela PF, TH se refere a Bacellar como "01" e inclui o telefone do deputado em uma lista de "comunicação urgente".
A PF destaca que TH inicia a conversa chamando Bacellar com "Fala, 01" e avisando que passaria a usar um novo número. O presidente da Alerj responde com uma figurinha, o que, segundo os investigadores, sugere que já sabia da troca. O diálogo aconteceu em 2 de setembro, um dia antes da operação policial contra TH.
"Bacellar é o primeiro contato da lista de comunicação urgente enviada pelo próprio TH Joias, evidenciando a importância e a premente necessidade do investigado em se comunicar com o parlamentar, que exerce atualmente a Presidência da Alerj", afirma trecho da denúncia.
O que diz a defesa de Bacellar
Em nota, a defesa de Bacellar negou, ainda nesta quarta, que o parlamentar tenha atuado para obstruir investigações envolvendo facções criminosas. Refutou também as acusações de que vazou informações a potenciais alvos de operações, o que é usado para justificar a decretação de sua prisão preventiva. "Nesta tarde, ele foi ouvido pela Polícia Federal e esclareceu tudo o que lhe foi perguntado", esclareceu os advogados do deputado.



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