BRT, para quem precisa trabalhar de verdade, vai e volta abarrotado durante uma pandemia?
BRT, para quem precisa trabalhar de verdade, vai e volta abarrotado durante uma pandemia?Daniel Castelo Branco
Por Isabele Benito
As mensagens não param de chegar... Rosimari Paula, ambulante, escreveu: “Tenho uma filha menor e esse trabalho é a minha única fonte de renda... E agora?” Boa pergunta, Rosi... “E agora?!”

O questionamento dela é o de muitos trabalhadores que nos próximos dias, no “superferiadão”, não sabem como vão fazer para botar comida dentro de casa. A segunda onda (se é que a gente saiu da primeira) que se alastrou, também trouxe de volta a onda do medo e da falta de perspectiva.

É claro que decisões dos comitês científicos devem ser seguidas rigorosamente, afinal a gente está falando de vidas. Mas como levar a sério uma cidade onde vagão de trem vira baile funk, festas não são fiscalizadas e pior: BRT, para quem precisa trabalhar de verdade, vai e volta abarrotado durante uma pandemia?

“Eu até concordo com as medidas restritivas, mas como motorista de aplicativo, como vou conseguir passageiro, com tudo fechado? Quem vai levar dinheiro para minha família?”, digitou um seguidor.

É disso que a gente tá falando... Coerência e planejamento. Organização com segurança, até porque ninguém aqui é contra medida restritiva! Mas o problema vai muito além do vírus.

É preciso pensar que mais de 60% dos moradores de comunidades pobres do Rio são informais. Não vão ter salário no fim do mês garantido. Até quem tem carteira assinada tá com medo!

Imagina quem leva da mão pra boca?! Um ano depois, a gente sabe muito bem que se o vírus mata, a fome desespera. Cada um sabe onde seu calo aperta. Tem que salvar vidas e dar respaldo ao pai e a mãe que precisam dar de comer para os filhos.




PINGO NO I
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A vida prepara cada rasteira... Imagina sair da sua terra para tentar uma vida melhor e, sem esperar, dar de cara com a pandemia? Foi o que aconteceu com a pernambucana Márcia Varela Gomes da Silva.

Ela procurou a coluna e contou que saiu de Recife no ano passado com o marido e os filhos de 4 e 7 anos para tentar trabalhar aqui no Rio... Mas tudo deu errado! Não conseguiu emprego, se separou e agora tá pedindo ajuda pra voltar pra casa.

Me diz... Como é que faz para viver? Ela e o ex-marido desempregados, com duas crianças pequenas! E detalhe: Márcia ainda tem que pagar o aluguel da casinha que conseguiu na comunidade, em torno de R$ 300.

Talvez isso te explique a importância do auxílio-emergencial nesse momento. Bora colocar o Pingo no I.... Antes de ir pra rede social gritar que “não tem que dar auxílio pra vagabundo”, é bom se colocar no lugar do outro. Você nunca sabe a história que tem por trás dele!


TÁ FEIO!
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O bicho ontem pegou tanto em Madureira, ao ponto de carros de reportagem terem que sair correndo da Avenida Edgar Romero... Tudo pra se esconder da chuva de balas na Serrinha.

Entra e sai semana e a coisa por lá só piora... O clima na Zona Norte tá tão puxado, que os moradores já pedem pelo amor de Deus por uma intervenção do programa segurança presente. O deputado estadual Wellington José (PMB) inclusive já solicitou ao governador Claudio Castro a ampliação do programa para bairros do subúrbio que ainda não tem o reforço policial.

“O subúrbio necessita urgentemente dessa iniciativa. Muitos bairros, antes residenciais, viram a violência aumentar, como o caso de Bento Ribeiro”, conta o deputado.

Se o programa tá dando certo, tem mais é que botar a polícia na rua mesmo... Com certeza o que não falta é policial concursado doido para trabalhar!

Por isso, se você me perguntou se tá feio ou tá bonito... Não é a solução, mas pelo menos já é alguma coisa, e tenho dito.