
Voz de locutora e uma simpatia que falta a muita gente...
Heliday Lima Dalabenete é uma das milhares de brasileiras, mães e arrimos de famílias espalhadas por esse Brasil.
Por 12 anos, foi técnica de enfermagem. Saiu para ter o filho há 2 anos. Quando veio a pandemia e o marido ficou desempregado, ela recebeu oferta para voltar ao trabalho, mas na linha de frente, mãe de 4 filhos e asmática, preferiu o campo desconhecido das ruas do que enfrentar o risco iminente de contrair a doença.
Para sobreviver, alugou um carro e foi ser motorista de aplicativo.
“Eu imaginava os riscos, mas não tantos”.
Ama dirigir, conhece o Rio de ponta a ponta, mas à frente do volante, já passou por várias.
“Cruzei uma favela com traficante me escoltando e falando que se eu não tivesse com o pisca ligado, ele desconfiaria de ‘cana’ e teria passado o aço”.
Em outra situação, um playboy da zona sul pediu para que ela mudasse a rota e parasse na boca de fumo... Tudo para que ele cheirasse no banco de trás.
“Ele foi rude e como mulher era impossível de enfrentá-lo louco daquele jeito!”
E não para por aí... O último susto foi um tiroteio na Baixada!
Mas para ela, nada dá mais medo do que ter que desistir do sustento da casa. Isso porque se a prefeitura taxar os motoristas, a corrida que hoje já está muito baixa, vai ficar impossível de trabalhar.
Combustível cada vez mais caro, oferta grande e mais taxas, não vai compensar!
A única alternativa seria voltar para o hospital, mas só quando tudo isso passar. Até lá, essa mãezona vai continuar nas guerras da rua, para levar a comida para casa.

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