Por paola.lucas

Niterói - Enquanto a produção industrial de cervejas nacionais sofreu queda de 6,7% no segundo semestre do ano passado, em comparação ao mesmo período de 2014, a produção das cervejas artesanais aqui na cidade não para de crescer. De acordo com dados da Associação de Cervejeiros Artesanais de Niterói (Acerva), nos últimos 12 meses a produção caseira dobrou, passando de 1,5 mil para 3 mil litros ao mês.

Parece pouco, mas este é só o primeiro passo para quem quer se aventurar pelo seleto mundo de explosão de sabores alcoólicos. Foi daí que surgiram os ‘cervejeiros ciganos’, pequenos produtores que migraram para fábricas já estruturadas e passaram a comercializar e faturar com as suas receitas.

Em Niterói%2C o bar Fina Cerva%2C no Jardim Icaraí%2C serve grande parte das cervejas artesanais de niteroienses. Alexandre Brum / Agência O Dia

Qual é a diferença entre eles? Bem, quem quem faz cerveja em casa não pode vender o produto, uma vez que ele não tem licença municipal, nota fiscal ou como provar a procedência. “A fiscalização pode até lacrar um bar por causa da cerveja. É preciso ter registro no Ministério da Agricultura”, destaca Luiz Costa, que já pensa em criar seu próprio rótulo.

A Noi é a única cervejaria artesanal de Niterói com fábrica própria.Alexandre Brum / Agência O Dia


Em Niterói, a Noi é a única cervejaria artesanal com fábrica própria. De olho no crescimento do mercado, este ano eles saltaram sua capacidade de produção de 60 mil para 200 mil litros por mês. Uma das donas da marca, Bárbara Buzin espera um aumento de 20% da produção até dezembro.

Mesmo com a expansão da empresa, ela conta que não há interesse em levar cervejarias ciganas para a sua fábrica. “Temos um ótimo relacionamento com os outros produtores da região, mas não está no nosso escopo atender a essa demanda”, explica.

Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja, as consideradas ‘especiais’ representavam 8% do mercado nacional da bebida em 2012 e fecharam 2014 com participação de 11%. A expectativa é de que essa cota suba para 20% em 2020. 

Felipe Ferreira é um dos sócios do Bar Fina Cerva, no Jardim Icaraí, onde vende grande parte das cervejas artesanais niteroienses. “A procura pelas especiais aumentou muito desde que abrimos o espaço, há um ano e meio. As cervejas são mais caras, mas o pessoal prefere beber menos mas com qualidade e sabor”, revela.

Dead Dog, Oceânica, W*Kattz e Hocus Pocus são artesanais facilmente encontradas por lá. Todas feitas por cervejeiros ciganos de Nikiti. Elas estão entre as 15 empresas que produzem na Cervejaria Antuérpia, que fica em Juiz de Fora (MG), uma das mais procuradas. 

“Oferecemos o espaço, o staff e o frete e cobramos R$ 8,60 por cada litro produzido pelas ciganas. É bom para todos. Acho que as ciganas são uma excelente iniciativa, a gente teve muito prejuízo no início do negócio”, explica Saulo Oliveira, diretor comercial da Cervejaria Antuérpia.

Luciano Mendonça é um dos sócios da cerveja niteroiense Donna. Ele conta que da produção caseira à comercial levou cerca de três anos. “O investimento aumenta e muda totalmente”, conta.

Além do aluguel na fábrica, os ciganos têm custos com insumos, logística, transporte, distribuição, marketing e por aí vai.Quem quiser aprender um pouco mais sobre esse universo, já estão abertas as inscrições para a quinta turma do Curso de Produção de Cerveja Artesanal da Nóbrega Brewing Co. As aulas começam dia 11 de junho e custam R$ 310. 

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