Por tabata.uchoa

Rio - O município de Mesquita tem uma população estimada pelo IBGE de 171 mil moradores, mas oferece somente uma linha municipal de ônibus e 83 vans para essa gente toda. A maioria das pessoas precisa pagar tarifas intermunicipais para se deslocar dentro da cidade. É um exemplo crítico da falta de planejamento do transporte público na Baixada Fluminense.

Em alguns casos é necessário tomar três conduções, cada uma com tarifa a R$ 4, para ir de um bairro a outro sem sair da cidade. “Se eu saio de Santa Elias para ir à Chatuba, pago R$ 12 se não quiser andar”, queixa-se a técnica de enfermagem Margarete Freitas, de 47 anos. Os ônibus de Mesquita não dão desconto nas integrações, ao contrário dos da capital.

De Mesquita%2C Marília de Medeiros reclama%3A ‘precisamos de tarifas justas’. Também morador do município%2C Rodrigo Ribeiro paga R%24 4 em linha intermunicipal para ir ao CentroSandro Vox / Agência O Dia

O mestre de obras Rodrigo Ribeiro, 33, mora no bairro Santa Terezinha e para chegar ao Centro de Mesquita — cerca de um quilômetro — desembolsa R$ 4 na linha Nova Iguaçu-Nilópolis. O valor é igual para quem se desloca do bairro até o município de Nova Iguaçu em uma distância oito vezes maior. A viagem não é refrigerada. “Pago um valor absurdo para percorrer três minutos. A Kombi (R$ 2,50) é uma opção, mas não aceita o RioCard e eu tenho que tirar do bolso. Para o trabalhador dificulta bastante”, reforça.

Duque de Caxias tem linhas municipais — a tarifa foi reajustada de R$ 3,50 para R$ 4 em janeiro, um aumento superior a 14%, que desagradou bastante a população. Mas prejuízo maior sofrem 6.500 passageiros que se locomovem diariamente entre o distrito de Xerém e o Centro de Caxias. A viagem é tão municipal quanto as demais, mas sai por R$ 5,50, 37,5% acima do preço da passagem no restante da cidade.

Apesar da tarifa bem mais cara, o serviço prestado pela Viação União está longe do ideal, dizem os passageiros. A fisioterapeuta Luana Santos, 26 anos, conta que nem sempre tem ônibus com ar-condicionado. “Quando tem ar, muitas vezes, molha tudo dentro. Quando chove, parece que chove mais dentro do ônibus do que na rua. E o elevador para cadeirantes nem sempre funciona. Já fiquei uma hora e meia esperando essa linha”, critica ela.

“Precisamos de tarifas justas, porque os trajetos de bairro a bairro não são longos”, cobra a vendedora Maria Angélica Medeiros, 30, de Mesquita.

AO LEGISLATIVO

Petição pública pede a criação de linhas municipais
Uma petição pública lançada há uma semana na internet solicita a criação de linhas municipais em Mesquita. A ideia partiu do morador Jorge Fernandes Machado, 52 anos. “Vamos pedir à Camara dos Vereadores uma lei municipal obrigando o Executivo a criar as linhas de ônibus.”

O documento, até então pouco divulgado, conta com apenas 15 assinaturas. A prefeitura afirmou que, além da linha municipal Edson Passos- Chatuba, que custa R$ 2,50, a cidade tem três estações de trem e é atendida por 83 vans cadastradas no município. E não respondeu se tem intenção de rever seu planejamento de mobilidade.

No caso da linha Caxias-Xerém, a Secretaria Municipal de Transportes e Serviços Públicos de Duque de Caxias disse que a tarifa é mais alta devido à longa distância percorrida. O órgão esclareceu que a empresa responsável pela linha possui 25 ônibus com ar-condicionado e está adequando os outros para instalação de novos aparelhos. A Secretaria prometeu realizar fiscalização para checar reclamações sobre a frota.

Procurados no fim da tarde de sexta, os sindicatos Transônibus e Setransduc, das empresas da Baixada, não responderam.

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