No Bar do Russo, em Duque de Caxias, o deejay e os dançarinos se juntam às caixas de som na rua para dar início à festa. As pessoas curtem o som bebendo cerveja e comendo churrasco. Homens e mulheres se movem sob o ritmo de batida eletrônica com rebolados e passos coreografados que lembram os bailes cariocas, mas apesar da semelhança, o baile não é de funk. Em mais uma festa do 'Jamaicaxias', o ritmo é o dancehall.
Importado da Jamaica, é uma variação do reggae com batidas mais rápidas e estilo envolvente, que chega à periferia fluminense. A dança lembra um pouco o funk. Mas o dancehall tem seu próprio contexto e usa termos particulares. Nas festas de do Bar do Russo, Deejay é quem canta ou o MC como conhecemos. Já o que chamamos convencionalmente de DJ, no dancehall é o selecta, aquele que seleciona as músicas nos bailes.
Em Caxias, o MC/deejay é o KBrum e os dancers são os integrantes da Rudmond Crew, que reúne dançarinos do ritmo. Os homens são chamados de rudeboy e as mulheres de dancehall queens (rainhas do dancehall).
Nos eventos, há pratos típicos e o maior sucesso é o jerk food, um churrasco jamaicano com tempero picante. Toda essa mistura forma o coletivo 'Jamaicaxias', que tem como objetivo aproximar o país caribenho da população da Baixada.
Para Rodrigo Costa, fotógrafo e produtor do coletivo, "o Jamaicaxias tem o resgate, respeito ao nosso lugar e as nossas pessoas, como o dancehall tem em sua história". Para ele, o Cidade Negra ter surgido na Baixada e consolidado o reggae, somado ao fato de maior parte da população ser negra, contribuíram para a receptividade do ritmo, que assim como o funk, surgiu da resistência de camadas populares. O dancehall tem se espalhado também pelas periferias paulistas.