População de botos-cinza circula pelas baías de Sepetiba, além de Ilha Grande e Guanabara - Divulgação
População de botos-cinza circula pelas baías de Sepetiba, além de Ilha Grande e GuanabaraDivulgação
Por ANGÉLICA FERNANDES

Rio - Nos últimos dois meses, mais de 170 botos-cinza foram encontrados mortos nas baías de Sepetiba e Ilha Grande. Muito ainda se especula sobre a mortandade, mas, o que já foi comprovado por pesquisadores, é que um surto da doença conhecida como morbilivirose dos cetáceos é uma das causas do óbito. Enquanto não há conclusão, a mobilização popular pela sobrevivência da espécie ganha força. Além da corrente nas rede sociais com a hashtag 'Salve o Boto', instituições e ONGs organizam atos em prol desses animais.

Em março, o Instituto Baía Viva, pescadores e moradores da Zona Oeste, além de conselheiros do Parque Estadual Cunhambebe, vão promover um abraço ecológico na Baía de Sepetiba para alertar sobre a morte dos botos. Outros eventos ainda estão sendo discutidos, como a ação no Dia Mundial da Terra, em 22 abril, que terá um fórum ambiental, também em Sepetiba.

"Nós pedimos aos ministérios públicos estaduais e Federal que declarem alerta de emergência nas baías, pois estamos vivendo um caos ambiental. É preciso que o Rio tenha um plano de gerenciamento costeiro, com direitos do litoral, e zoneamento ecológico econômico costeiro (ordenamento das faixas terrestres e marinhas)", destacou o ambientalista Sérgio Ricardo, do Baía Verde.

Quem circula pela Ilha Grande e Sepetiba pode contribuir com a pesquisa dos botos-cinza. O Inea recomenda ao público que, ao encontrar a espécie nadando desorientada ou encalhada em uma praia, pode entrar em contato com a equipe de monitoramento do estado: o Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores (Maqua/Uerj) atende no 2334-0795 ou o Inea no 2334 9614.

Por conta da identificação do vírus é provável que ainda apareçam mais animais mortos, pois, de acordo com o Inea, atualmente não há como parar a disseminação do morbilivírus nos botos, e não há vacinas ou medicamentos disponíveis que possam ser administrados de forma eficaz. 

Dragagem prejudica a espécie

Um dos pedidos feitos por instituições ambientais independentes que tratam de animais marinhos foi atendido pelo Ministério Público Federal (MPF) na segunda-feira: a suspensão imediata das dragagens na Baía de Sepetiba. O órgão recomendou ao Inea e à Companhia Portuária Baía de Sepetiba (CPBS) que paralisem o serviço, iniciado no dia 12 de janeiro, na área de 1,83 milhão de metros cúbicos no fundo da Baía até a normalização do surto do vírus.

O MPF alega que é importante minimizar fatores estressores que podem impactar ainda mais os animais, pois com a dragagem, os metais depositados no fundo da baía acabam dispersando pela água, o que ameaça ainda mais os botos.

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