Rio - Quem foi nesta quarta-feira ao Centro de Saúde Heitor Beltrão, na Tijuca, e chegou às 7h já não conseguiu mais senha para tomar a vacina contra a febre amarela, já que apenas 400 doses foram disponibilizadas na unidade. O número de doses diárias em postos da Prefeitura foi limitado por determinação da Secretaria Municipal de Saúde, segundo cartaz colado nas unidades. Muitos que não conseguiram se imunizar reclamaram do número reduzido de doses.
"Chegamos às 7h da manhã e não tinha mais nada, hoje ficamos sem. Moro na Tijuca, vou descer e vou até Copacabana para me vacinar e vacinar minha filha. Não vou viajar para lugar de mata, quero somente me imunizar", disse a professora Katia Matheus, 46 anos, que esteve no posto da Tijuca com a filha Luíza, de 15.
Ao menos 1.500 pessoas estiveram no posto Heitor Beltrão, na Tijuca, mas pelo número reduzido apenas 400 permaneceram para tomar a vacina contra a febre amarela. Mesmo as pessoas que tem prioridade na vacinação, mas chegaram após acabar as senhas, tiveram que dar meia-volta. Foi o caso de um idoso de 65 anos, que chegou por volta das 7h e as senhas tinham acabado.
A advogada Claudia Torres, de 51 anos, reclamou da falta de divulgação sobre a vacina. "Acredito que houve uma falha das autoridades de avisar de que esta vacina estava sendo distribuída desde o ano passado. Agora temos que tentar a sorte para conseguir se vacinar. Hoje consegui tomar com o meu marido", disse ela, que chegou às 6h15 no Heitor Beltrão.
No Centro de Saúde Salles Neto, no Rio Comprido, apenas 100 doses diárias — 50 de manhã e outras 50 à tarde — estão sendo distribuídas. A dona de casa Kely Cristina Alves, de 28 anos, chegou às 8h e pelo segundo dia seguido não conseguiu vacina nem para ela e nem para o filho, de 9 meses. Por lá, muita gente dormiu na fila para conseguir tomar a dose.
No posto Hélio Pellegrino, na Praça da Bandeira, foram 150 doses nesta quarta-feira e antes da 7h50 as senhas já tinham esgotado. No Manoel José Ferreira, no Catete, o número de doses caiu de 400 na segunda-feira para 250 hoje. A bióloga Maria Teresa Jesus Gouveia, de 58 anos, critica a falta de prioridade.
"Tem muitos idosos e crianças que não tem atendimento nenhum. Muita falta de respeito. Hoje deram apenas 250, por pouco fico sem", disse ela, que pegou a senha 225.
É importante ressaltar que idosos fazem parte do grupo de risco e somente com uma autorização por escrito de um médico que pode ser vacinado.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que o número reduzido de vacinas obedece a limitação de cada unidade, que atende outros serviços além da vacinação e não podem ser prejudicados. A pasta informou que não motivo para pânico, já que na cidade não há registro da doença.
Somente nesta segunda-feira foram vacinadas 26.279 pessoas, quase 10 mil a mais que todo o mês de dezembro. A SMS disse que a vacina esteve disponível durante todo o ano de 2017, mas a procura caiu drasticamente após não haver mais casos divulgados da doença. O número de pessoas vacinadas caiu de 629.087 em março do ano passado para 16.592 em dezembro.
"Diante dessa nova demanda, as unidades estão se organizando para atender o máximo de pessoas da melhor maneira possível, dentro da capacidade técnica de segurança dos pacientes e boas práticas de vacinação", disse, em nota.
Entretanto, o número de doses disponibilizados para a população deve aumentar nos postos do município do Rio somente na campanha nacional de vacinação contra a febre amarela, prevista para a Região Sudeste entre os dias 19 de fevereiro e 9 de março. Neste período, os 232 centro de saúde da cidade devem abrir nos fins de semana e alguns serviços não prioritários devem ser interrompidos provisoriamente para aumentar as equipes de vacinação.
Colaborou Adriano Araujo