Rio - A Polícia Militar deu continuidade, ontem, à operação de vasculhamento na Rocinha para tentar capturar bandidos que travam guerra há quatro meses pelo controle da favela. Soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope) trocaram tiros com criminosos na Rua 2, porém não houve registro de mortos ou feridos. À tarde, cães farejadores localizaram uma carga de maconha próximo ao Valão.
Ontem, dois policiais militares foram sepultados. Um deles, o soldado Tiago Chaves da Silva, de 36 anos, do Batalhão de Choque, foi ferido a tiros na barriga durante a operação na Rocinha, na manhã de quinta-feira. Nas redes sociais, amigos chegaram a fazer campanha de doação de sangue para o policial. Mas ele não resistiu e faleceu no fim da noite de quinta. O outro foi o sargento Flávio dos Santos da Cunha, do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais, baleado na cabeça durante patrulhamento na Avenida Brasil, na noite de domingo. Já chega a dez o número de policiais militares mortos no estado só no mês de janeiro.
O soldado do Batalhão de Choque é uma das 37 vítimas da guerra que acontece na Rocinha desde setembro, quando os traficantes Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, e Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, iniciaram uma sangrenta disputa pelo domínio da comunidade. Outros 35 mortos, segundo a PM, eram criminosos. Uma turista espanhola que passeava na Rocinha completa a relação das vítimas. Maria Esperanza Ruiz Jimenez, 67 anos, morreu após ser baleada por policiais militares, quando o carro em que ela visitava a favela furou uma blitz da PM.
Por causa da operação policial de ontem, o posto de saúde na favela voltou a suspender o funcionamento. Boa parte da comunidade continua sem energia. A Light informou que enquanto os confrontos persistirem, as equipes técnicas não têm condições de fazer os reparos na rede elétrica. Na segunda-feira, uma comissão de moradores da Rocinha deve ser recebida pelo governador Luiz Fernando Pezão.