Por Agência Brasil

Rio - Os governos federal e do Rio de Janeiro assinaram nesta quarta-feira, dois acordos de cooperação para o repasse de recursos para centros de pesquisa no estado, entre eles cinco centros nacionais de equipamentos multiusuários na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), PUC-RJ, Inmetro e no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.

Os laboratórios devem receber os recursos de 2018 a 2022 da Financiadora de Estudos e Projetos e da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj. Ao todo, estão previstos R$ 25 milhões.

Os acordos foram assinados pelo ministro de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Gilberto Kassab, e o governador Luiz Fernando Pezão.

Em cinco anos, devem ser destinados ainda R$ 100 milhões para 19 institutos nacionais de ciência e tecnologia no estado do Rio de Janeiro. Outro acordo prevê que, em três anos, R$ 24 milhões serão repassados para a implementação do Programa de Núcleos de Excelência (Pronex).

O presidente da Faperj, Ricardo Vieiralves de Castro, que fez a abertura do evento, disse que "investir em ciência é afirmação de soberania, possibilidade de investir em bem-estar e um ato de humanidade". E disse esperar que o evento seja um "rito de passagem", uma vez que o setor foi afetado de forma dura pela crise enfrentada pelo estado.

Desculpas

Ao discursar no evento, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, pediu desculpas aos pesquisadores por transtornos e constrangimentos causados por atrasos no pagamento de bolsas e repasses para pesquisas. Pezão disse que não tem a intenção de afastar o governo dos pesquisadores e que considera que o estado precisa da academia como nunca.

"Peço desculpas a todos. Longe de mim querer atrasar uma bolsa, querer atrasar um repasse ou querer fazer que a gente perdesse cientistas ou pesquisadores. Peço desculpas pelos constrangimentos e transtornos".

O governador voltou a destacar as dificuldades financeiras do estado, que chegou a perder 26% da arrecadação com a crise na Petrobras, a queda do barril de petróleo e o agravamento do cenário econômico em todo o país. "O estado quase foi à falência", disse.

Ao receber uma das 348 bolsas outorgadas pelo programa Cientista do Nosso Estado, a professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Elizabeth Macedo afirmou que não podia deixar de mencionar os problemas enfrentados nos últimos anos, apesar de o dia ser de festa. E defendeu que o modelo de pesquisa no país depende especialmente das universidades públicas e agências de fomento para funcionar e criticou o corte no orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações em 2017.

"Não podemos calar quando o financiamento da universidade e da ciência e tecnologia está em risco", disse, acrescentando que "a redução de 19% do orçamento federal de 2018 em ciência e tecnologia vai nos cobrar em um futuro breve um preço muito alto, em termos econômicos, e principalmente no que tange às vidas humanas e nas condições em que podem existir".

O ministro Gilberto Kassab disse que o ministério está em posição mais confortável que outras pastas, que chegaram a ter cortes de 30% a 50%.

"A nossa situação orçamentária é difícil, como todos, mas o nosso processo de recuperação é melhor do que nas outras áreas. Comparando o nosso ministério com os outros, a nossa situação é bem mais confortável", disse o ministro, que defendeu que a luta pela ciência deve ser "suprapartidária".

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