Cerca de 30 pais estão há três dias na fila para tentar matricular seus filhos no Colégio Estadual João Cabral de Melo Neto, no Méier - Luciano Belford / Agencia O Dia
Cerca de 30 pais estão há três dias na fila para tentar matricular seus filhos no Colégio Estadual João Cabral de Melo Neto, no MéierLuciano Belford / Agencia O Dia
Por WILSON AQUINO

Rio - O ano letivo nas escolas públicas do Rio começa na próxima segunda-feira. Porém, muitos alunos ainda não sabem onde e nem se vão estudar. Isso porque foram inscritos em escolas de bairros longe de casa ou, simplesmente, porque não conseguiram se matricular.

A informatização do sistema de matrícula, adotado tanto pela secretaria municipal quanto pela estadual de educação, é apontado por pais e professores como o grande vilão dessa história. "Está uma confusão muito grande", afirma a coordenadora do Sindicato dos Professores (Sepe) Marta Moraes.

"Não permitiram matrícula no balcão da escola. Somente pela internet. O problema é que muita gente não tem ou ou não sabe mexer no computador", explicou a professora, denunciando que o "sistema inteligente" matriculou muitos alunos em bairros distantes de onde residem. Foi o caso da Maria Letícia, 15 anos, que mora na Freguesia, em Jacarepaguá, e foi colocada em uma escola no Complexo da Maré. "Claro que não vou deixar. Tem gente armada até o pescoço lá dentro", contou o pai da menina, o administrador Leonardo Monteiro, 38 anos, que está há três dias, com pelo menos outros 30 pais, em uma fila na porta do Colégio Estadual Hispano Brasileiro João Cabral de Melo Neto, no Méier, tentando transferência para a filha. A expectativa é de que abram as últimas chances de matrícula na unidade hoje.

Segundo ele, na primeira fase de matrícula, selecionou três colégios estaduais para Maria Letícia, que em 2018 começa a cursar o primeiro ano do Ensino Médio. "Mas, para minha surpresa, ela não foi inscrita em nenhuma das três opções", lamentou Monteiro, que pretende acionar a justiça caso não consiga transferir a filha. A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informou que não foi detectado e nem relatado qualquer problema nos meses em que transcorreu o processo de matrículas, quando cerca de 320 mil alunos se cadastraram. "Atualmente, a rede estadual de ensino está na fase de preenchimento de vagas remanescentes, quando as matrículas são feitas diretamente nas unidades de ensino. A Seeduc garante que nenhum aluno que queira estudar na rede estadual ficará sem vaga neste ano letivo".

Situação pior enfrenta a diarista Evelyn Gontijo, 23. Ela não conseguiu vaga na pré-escola para a filha, Mirela, de 4 anos. "Estou desde outubro tentando fazer a matrícula, mas o sistema só vive fora do ar", reclamou, que já procurou cinco escolas municipais em vão. A Secretaria Municipal de Educação (SME) admite que o sistema apresentou problemas, mas foram sanados. "Quem não tiver acesso à internet pode se dirigir a um dos polos de atendimento com internet gratuita ou a uma escola", informou a SME.

RioCard: 7 mil cartões de gratuidade não foram emitidos
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Cerca de 7 mil novos cartões de gratuidade nos transportes para alunos de escolas municipais do Rio ainda não foram emitidos porque os beneficiários não inseriram suas fotos no cadastro da RioCard. A empresa iniciou ontem a entrega de cerca de 3 mil cartões para estudantes da rede.
A RioCard informou que os cartões estão sendo entregues dentro do prazo acertado com a Secretaria Municipal de Educação. Quem já possui o benefício e não mudou de rede de ensino ou de município pode continuar usando cartão antigo normalmente.
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Os novos alunos que ainda não possuem o cartão devem procurar as escolas o mais rápido possível. Quem não teve o cartão emitido por falta da foto deve ir com os responsáveis a uma loja RioCard, levando a documentação exigida, para capturar a imagem e obter o benefício. Não há prazo. Mais informações: 4003-3737.
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Redução de turmas é denunciada
Diretores eleitos das escolas estaduais redigiram uma carta aberta classificando o processo de otimização implantado pela Secretaria de Educação como política "de redução de turmas e vagas na rede estadual". Segundo a coordenadora do Sepe, Marta Moraes, somente no ano passado mais de 200 turmas foram fechadas. Ela reclama que a "otimização" não passa de uma junção. "Pegam uma turma com 20 alunos e juntam com uma turma de 30. Isso é política de enxugamento e não de investimento na Educação", reclamou a professora, afirmando que a superlotação das salas de aula prejudica o processo pedagógico. "O ideal é, no máximo, 35 alunos por turma", afirmou.
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Em nota, a Seeduc esclareceu que o processo de otimização e os ajustes nas turmas nada têm a ver com redução de custos e, sim, com a busca de melhores práticas pedagógicas e são feitos todos os anos, pois é uma obrigação legal perante o Ministério da Educação (MEC) e o Fundeb. "Nenhuma alteração na rede estadual de ensino ou otimização de turma tem como motivador a economia de recurso", garantiu a secretaria.
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