Rocinha contará a história da xilogravura no Brasil, com carnavalesco que foi campeão no Império - divulgação
Rocinha contará a história da xilogravura no Brasil, com carnavalesco que foi campeão no Impériodivulgação
Por WILSON AQUINO

Um trem de luxo parte às 18h de amanhã da Estação de Bangu. A bordo da composição exclusiva, gentilmente cedida pela Supervia, desfilantes e torcedores da Unidos de Bangu, escola de samba que abre, a partir das 22h30, os desfiles da Série A do Carnaval 2018, na Marques de Sapucaí.

E cada um dos integrantes da tradicional agremiação da Zona Oeste, leva consigo a esperança de que o destino final dessa longa jornada seja o Grupo Especial, a elite do Carnaval carioca. Esperança que é comum às outras 12 escolas da Série A, o Grupo de Acesso do Rio.

A Série A este ano será composta por 13 escolas, divididas em dois dias de desfiles:um com seis e outro com sete agremiações. A Unidos de Bangu abre a maratona, com o enredo 'A travessia da Calunga Grande e a nobreza negra no Brasil'. Na sequência, se apresentam a Império da Tijuca, Acadêmicos do Sossego, Unidos do Porto da Pedra e Renascer de Jacarepaguá. A Estácio de Sá fecha a primeira noite de desfile. Mas, tudo recomeça no sábado, quando se exibirão na Passarela do Samba, a Alegria da Zona Sul, Acadêmicos de Santa Cruz, Unidos do Viradouro, Acadêmicos da Rocinha, Acadêmicos do Cubando, Inocentes de Belford Roxo e Unidos de Padre Miguel. De acordo com a Liga das Escolas de Samba (lierj), este ano a agremiação campeã da Série A sobe para o Grupo Especial. A última colocada, é rebaixada para o Grupo B.

Ontem, nos barracões, as escolas faziam os arremates finais, apesar de que muita coisa vai deixar para ser concluída longe das oficinas, já na concentração do desfile. "Vamos finalizar somente no sábado", afirmou o diretor de carnaval da Inocentes de Belford Roxo, Saulo Tinoco, que é a sexta a desfilar, por volta das 3h de domingo.

Tinoco disse que a redução na subvenção comprometeu o planejamento. "Esse ano foi bem complicado em relação aos anteriores. Recebemos cerca de R$ 400 mil e mesmo assim, o dinheiro que, normalmente, chegava em outubro, só entrou na conta em janeiro", reclamou o diretor de carnaval, que filosofou ao explicar o dano causado pelo atraso no repasse da verba. "Demorou a sair o dinheiro e dinheiro não compra o tempo". A Inocentes de Belford Roxo leva para a Avenida o enredo: 'Mojú, Magé, Majubá - Sinfonias e Batuques', do carnavalesco Wagner Gonçalves, que presta homenagem aos 452 anos de Magé, a segunda cidade mais antiga do Estado do Rio de Janeiro.

O desfile da Inocentes, que vem com 1,6 mil integrantes, é embalado pelo sonho de 500 mil habitantes de Belford Roxo, entra na Avenida com tudo para voltar ao Grupo Especial, onde esteve em 2013. "Fizemos um desfile sensacional, aclamado pelo público. Mas, infelizmente, quando se abriu o envelope, foi outra coisa", lamentou Tinoco.

De acordo com a Lierj, ainda há ingressos à venda para o desfile da Série A. Os interessados devem comparecer ao estande montado atrás do setor 11 do Sambódromo, na Rua Salvador de Sá, até as 16h de amanhã. As entradas individuais para arquibancadas comuns, por dia de desfile, custam R$ 15. Já o setor 9, sai a R$ 50.

Fantasias do Salgueiro recicladas
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Quarta escola a desfilar no sábado, a Acadêmicos da Rocinha, a exemplo da Inocentes de Belford Roxo, também sonha com o doce regresso ao Grupo Especial, do qual fez parte,pela última vez, no Carnaval de 2006. O enredo deste ano é 'Madeira Matriz, uma homenagem à história da xilogravura no Brasil'.
A exemplo das outras escolas do Grupo de Acesso, a Acadêmicos da Rocinha usou criatividade e raça para enfrentar as dificuldades para preparar o desfile. Usou materiais alternativos no acabamento de alegorias, como fundo de latinhas de refrigerante para gerar efeitos. O carnavalesco Marcus Ferreira, campeão da Série A pelo Império Serrano no ano passado, contou também com o valioso auxílio de outras escolas. A presidente do Salgueiro, Regina Celi, doou cerca de três mil fantasias e diversas esculturas, que fizeram parte do desfile da Vermelho e Branco da Tijuca, para a co-irmã da Zona Sul.
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"Se não fosse ela, a Rocinha não chegaria até o final. A base do Carnaval da Rocinha são as fantasias do Salgueiro. Foram praticamente três mil doadas. Então, conseguimos reciclar praticamente tudo. A parte de alegoria, ela também ajudou com bastante coisa", disse o carnavalesco.
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