Rio - De volta ao Grupo Especial após oito anos no acesso, o Império Serrano promete se modernizar para quebrar dois tabus: o de ser extremamente tradicional e o de que toda escola que sobe de série desce no ano seguinte. Para atingir o objetivo, o carnavalesco Fábio Ricardo vai apresentar um desfile bem movimentado, repleto de coreografias de dança, circo e teatro. E em ano de dificuldade financeira, a Verde e Branca da Serrinha contará com a participação voluntária de vários grupos artísticos.
O enredo "O Império do Samba na Rota da China", sem patrocínio, propõe uma viagem pela cultura milenar do país asiático, mostrando o quanto nosso universo cultural é influenciado pelas heranças e invenções chinesas. "O Império foi o propulsor de grandes invenções, como o primeiro destaque. Por que não a escola não se modernizar agora que concorre com as grandes?", disse Fábio, estreante na agremiação.
Uma das surpresas ficará por conta de 25 atletas acrobatas de academias do Rio e de São Paulo que estarão espalhados em diferentes pontos do desfile encenando as danças do dragão e leão, símbolos cultuados pelos chineses. "Em qualquer evento na China, como abertura de shoppings e lojas, se não tiver dança de leão e dragão não traz boa sorte e boas energias", explicou Jonathan Júnior Mendes, dono do Centro de Treinamento de Artes Marciais e Cultura, participante do projeto. "Diferente da dança tradicional, o leão virá sambando, atrás da Comissão de Frente, e o dragão trará uma surpresa nunca vista em nenhum Carnaval no mundo", acrescentou.
Logo no primeiro setor, doze atletas de ginástica rítmica, algumas da Seleção Brasileira, farão uma apresentação da modalidade de fitas, arte marcial chinesa que virou dança e esporte. O grupo é treinado pela comentarista de TV Andrea João, bicampeã brasileira e sul-americana de ginástica olímpica, que estará presente. "É a primeira vez que ela está trabalhando com o Carnaval e se apaixonou. Me disse que abraçaria a nossa causa. Elas vêm todas com o coração, nada foi pago", contou o carnavalesco.
Sobre o terceiro carro alegórico, que representa o mercado da rota da seda e não traz um destaque, 39 atores do Brasil e do exterior farão uma performance como mercadores do oriente. "Nas laterais do carro, teremos inclusive turcos, chineses e árabes. Eles encenarão uma troca de mercadorias com o público e entre eles, levando tapetes e outros materiais de uma cidade para outra. Levaremos vasos, tecidos, muita seda e cestos com pães, legumes e frutas", revelou Felipe Prado, diretor artístico da alegoria. Haverá réplicas de quatro cavalos montados por guerreiros mongóis sendo seguidos por três camelos na frente do carro, tudo de fibra.
Na quarta alegoria, a Muralha da China, seis profissionais circenses farão acrobacias simulando a invasão do monumento por soldados. Na frente do carro, há uma grande cabeça de um guerreiro chinês. Todos os artistas se apresentarão voluntariamente.